Muito falamos sobre a força da propaganda e a capacidade que ela tem de influenciar comportamentos, além de provocar reflexões importantes e eis que me deparo com uma ação sensacional, criada pela agência F.Biz para o Instituto Maria da Penha, cuja potência da ideia vai ainda mais longe do que seu conceito, ao escancarar o ciclo comum enfrentado pelas vítimas da violência doméstica.
Além da contagem impressionante de casos tristes, Relógios da Violência apresenta, de forma bem didática, as diferentes fases de uma relação abusiva. A começar pelos acessos de raiva, que evoluem para pequenos apertões, empurrões, xingões e puxões de cabelo, seguidos por fases de arrependimento e melhora, regredindo para ameaças morais e patrimoniais, até que o pior cenário acontece.
Fato é que essa exaustiva batalha é muito solitária, porque quem está envolvida nesta teia já ultrapassou diversas barreiras, a começar pela auto-estima destruída dia após dia, que a impede de ter forças lutar. A mulher se sente fraca, frustrada, desiludida, incapaz e culpada por não ter conseguido “fazer o relacionamento dar certo” e passa a evitar qualquer movimento que cause estas “crises no relacionamento”. Novas desculpas surgem a cada dia, seja por apego, vergonha ou medo de julgamento da família e da sociedade. A visão fica turva diante da relação abusiva e sentir pena de si mesma, amigos, dói.
A evolução da sociedade costuma acontecer através da união de pessoas generosas e do compartilhamento da informação. Barreiras de preconceito e de julgamento se quebram assim. Tenho certeza que saber que não é a única a passar por isso pode fazer toda a diferença na vida de milhares de mulheres. Torço demais para que o legado da Maria da Penha seja cada vez mais forte e que sua lei permita que o processo seja ainda menos penoso para as vítimas. Espie abaixo.
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