Sim, é um neologismo. Claro que a estética não ficou lá essas coisas, mas o que vale é a intenção, pois há que se povoar o lugar que chamamos de inferno. Lucro. Criatividade. Essas são palavras que só eram associadas quando o assunto era agências de publicidade. Ou, talvez, quem sabe, quando se tratava de obras de arte, mas, aí, o autor, certamente, estaria morto ou, praticamente, sentindo o aroma das rosas e a textura de sua lápide. A história da criatividade é cheia de mitos. Trágicos, em sua maioria. Criativos eram seres iluminados. Obras criativas precisavam ter selo de qualidade e certificado de procedência.
Adoramos deificar pessoas. Fica mais fácil terceirizar a “graça” para, assim, justificar nossa própria incompetência. Acreditamos que é mais inteligente repetir ideias. Comprar pronto e replicar adiante. Acreditamos que um nome e uma marca dos quais se fala tão bem são as nossas únicas opções, saídas e esperanças. “Pessoas criativas” é um termo redundante. “Empresas criativas” deveriam ser também. Criatividade pode dar lucro, mas no Brasil ainda temos medo de fazer diferente. Aqui, ainda prevalece o sentimento de vira-lata. Parece que pega mal ser genuinamente brasileiro. Preferimos importar coisas e conceitos, pagando muito mais caro, provando que a gente não desiste nunca.
O mercado procura profissionais criativos, certo? Mas, onde eles estão? As escolas que formam pessoas para esse mesmo mercado está preparada para formar esse perfil? Na educação infantil tem massinha, cores, música, atividades físicas e lúdicas, entretanto, em algum ponto da jornada rumo ao tão sonhado diploma, alguma coisa acontece. A escola atual está focada em saciar uma pretensa fome de um mercado que ou não existe mais ou está em vias de morte certa. Não há espaço para o improviso, para a autenticidade e a autoria, pois existe uma cartilha a ser seguida e uma programação de metas a ser completada. O novo mercado que toma conta do mundo exige pessoas comuns, gente que é capaz de se adaptar. E o falido sistema educacional que ainda possuímos, não é capaz de suprir essa demanda.
Gênios tiram nota 10, nunca erram ou decepcionam. Mas essa pedagogia se mostrou árida e incompleta. Pesquisas recentes provaram que os “não gênios” têm mais probabilidades de serem criativos, pois erram mais e são obrigados a superar tais dificuldades. O erro vale ouro. E essas pessoas “falhas” são o Eldorado para as empresas mais valiosas, que estão conquistando o mundo hoje. Criatividade dá lucro. Em tempos de mudanças abruptas, disrupção, troca de paradigmas e terremotos culturais provocadores de avalanches ideológicas, precisamos aprender a aprender, rápido, pois o que sabemos, agora, perde o sentido na mesma velocidade de um clique.
Marcas criativas são autênticas. Pessoas também. Ser autêntico exige coragem para ter uma voz e usá-la. É não ter vergonha de colocar sua arte na janela para todo mundo ver. É tentar, sabendo que as chances de falhar são grandes; e, principalmente, que o erro, quando chegar, será muito bem-vindo, pois será a prova real de uma busca genuína. Pessoas e empresas criativas são tatuadas de cicatrizes. Muitas delas. O erro é inevitável, mas a capacidade de transformá-lo em motivação é o ativo mais valioso que um sonho pode usar para se tornar realidade.