Google Eclipse Megamovie – crowdsourcing, algoritmos e machine learning no eclipse total

Os Estados Unidos se preparam para assistir nesta segunda-feira, 21, a um dos espetáculos astronômicos mais impressionantes e únicos: um eclipse total do Sol que poderá ser admirado de costa a costa no país e parcialmente em outras partes do continente americano, como nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. O eclipse poderá ser visto por uma faixa de largura que atravessa os Estados Unidos do Pacífico ao Atlântico, partindo do Oregon à Carolina do Sul.

Por que este evento é tão especial?

Segundo a cientista da NASA Madhulika Guhathakurta, “este será o eclipse mais documentado e admirado da história”. Além da experiência de ver o perfeito alinhamento da lua com o sol que causará o bloqueio total da luz sobre a terra, este evento não acontece nos EUA desde 1979 e este ano ele será um eclipse solar transcontinental, ou seja, atravessará o país todo e durando muito mais tempo. E isto não acontece em 100 anos!

A última vez que atravessou o solo americano por um período de tempo comparável, os astrônomos tiveram que enviar uns aos outros esboços desenhados à mão das imagens de seus telescópios para estudarem a coroa. Este eclipse, ao contrário, está nos visitando na época do iPhone e dos selfies.

Quando todo o país apontar seus telefones para o céu na esperança de capturar o eclipse solar, uma equipe do Google tem seus próprios planos.

O Making and Science Lab, um departamento do Google dedicado ao apoio à educação científica e de engenharia, recrutou 1.300 voluntários para capturar o fenômeno, cada um armado com uma câmera de alta resolução e lentes telescópicas. Essa frota de fotógrafos enviará suas imagens para o Google, que utilizará um algoritmo que criou para juntar as imagens em conjunto ao que ele chama de “Eclipse Megamovie“, mostrando um vídeo no tempo do eclipse solar total à medida que atravessa a América do Norte.

A equipe recrutou esses voluntários juntamente a grupos de astronomia amadores, escolas de fotografia e faculdades localizadas no caminho do eclipse total. Na segunda-feira, eles vão se instalar em campos e telhados para capturar o eclipse à medida que ele passa sobre eles, e depois correm para um local com wi-fi para enviá-los para o Google.

A equipe do Google usará um algoritmo desenvolvido para alinhar as fotos por dados GPS e timestamps, de modo que, eventualmente, o filme mostrará o eclipse e seu movimento de diferentes visualizações em todo o país. Serão vários terabytes de dados e o grupo planeja liberar o vídeo assim que as imagens chegarem, começando por volta das 5PM (Eastern Time). A ideia é iniciar o projeto mesmo que fique distorcido e, à medida que obterem novas imagens, elas serão “costuradas” e disponibilizadas novas versões do vídeo. Eventualmente, as lacunas serão preenchidas e o resultado ficará melhor.

O Google utilizará o projeto do eclipse total para testar e melhorar o seu machine learning e evoluir o seu algoritmo para futuros eventos.

Os entusiastas que não foram recrutados pelo Google para o Eclipse Megamovie, podem também participar através de um aplicativo (disponível para Android e iOS), onde qualquer um pode tirar fotos do eclipse e fazer o upload para uso no projeto. Essas imagens serão usadas por cientistas da UC Berkeley para seu estudo e lançadas em um conjunto de dados aberto pelo Google.

Toda essa iniciativa surgiu em colaboração com um grupo de cientistas liderados pela Universidade da Califórnia e o Laboratório de Ciências Espaciais de Berkeley que, em 2011, vieram com a ideia de crowdsourcing de arquivos de imagens do eclipse solar total que acontece nessa segunda-feira. Em 2014, o grupo se aproximou do Google em busca de uma parceria e para ver como aproveitar novas tecnologias para estudar esse eclipse total de 2017.

Em 2024, quando o próximo eclipse total será visível dos EUA, o Google diz que espera explorar tecnologias totalmente novas de utilizar e explorar o machine learning. Até lá, encoraja todos a analisarem os dados provenientes desse projeto assim que forem lançados, sempre buscando novas descobertas tanto astronômicas como tecnológicas.

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