Por que os incompetentes são os que se acham mais incríveis?

Do mesmo jeito que o competentíssimo Sócrates disse “sei que nada sei”, o oposto é verdadeiro para o incompetente: “sei que sei tudo”.

Antes de mais nada, dois esclarecimentos bem rápidos.

Primeiro: o título não é uma crítica, nem um julgamento pessoal. É um fato embasado cientificamente.

Segundo: “incompetente”, assim como “ignorante”, não são necessariamente xingamentos. Apesar de serem reconhecidos dessa forma no nosso vocabulário do dia-a-dia, são na verdade uma condição, em um momento específico no tempo.

Deveriam vir sempre acompanhados de um “ainda é”.

“Você ainda é um tremendo de um incompetente!”.

“Ah é? Ah é? E você então? Você ainda é um com-ple-to-e-to-tal ignorante!”

Sim, porque são coisas que passam. Têm remédio. A falta de competência ou de conhecimento não são uma maldição que se tenha que se carregar para sempre. Na maioria das vezes, tem conserto!

É só estudar e praticar e plim! você deixa de ser incompetente e/ou ignorante naquele determinado tópico. Isso claro, de modo geral, porque tem gente que é realmente incompetente e ignorante, se acha incrível e não pretende fazer nada além de continuar se achando incrível como se isso bastasse para de fato, ser.

Pronto, agora podemos enfrentar a pergunta do título.

A resposta, de maneira simplifica e direta é a seguinte:

Do mesmo jeito que o competentíssimo Sócrates disse “sei que nada sei”, o oposto é verdadeiro para o incompetente: “sei que sei tudo”.

Afinal, o incompetente e/ou ignorante não possuem justamente a competência nem o conhecimento para se auto-avaliarem corretamente. E aí se acham incríveis porque ainda não deu tempo de sacarem que… não são.

São incompetentes para julgar a própria competência.

Um exemplo prático: tenho um filho adolescente e no último final de semana sugeri que eu poderia ensiná-lo a dirigir. Ele me respondeu:

– “Mas eu sei dirigir! Dirigir é fácil!”

Me contou que já sabia que tinha que passar a marcha quando o barulho do motor ficasse mais “dramático”, que deveria ficar do lado direito, e etc, etc.

Ou seja, mais um clássico caso de incompetente que se acha competente. Mas assim que ele partir para a prática, que engasgar o carro algumas vezes, que descobrir que na estrada se dirige de outra forma e outros detalhes, aí vai se dar conta de que ainda não tem essa competência.

Bom, lá no alto tem um vídeo que explica melhor o efeito – que tem nome inclusive, é o “Efeito Dunning-Kruger” (não confundir com efeito “Fred-Kruger”).

É o famoso “sem-noção”.

Aliás, essa classificação de “sem-noção” é bem interessante, me deixou mais compreensível em relação aos outros porque traz nela o benefício da dúvida. Muitas vezes as pessoas fazem coisas sem terem mesmo noção do que estão fazendo. Tipo o cara te cortou no trânsito. Talvez tenha sido mesmo um motorista “sem-noção” do que estava fazendo, ou mesmo um incompetente motorista novato ou quem sabe, ignorava a sua presença alí na outra faixa… e não um cara querendo levar vantagem.

O segredo?

Basta se dar conta disso que já melhora bastante.

Porque REALMENTE, nada mais catastrófico do que um incompetente com poder. E iniciativa.

Fora o ego, mas vamos deixar isso de lado senão o post não termina.

“Pare de querer ser incrível e comece a querer ser útil”

 

 

32 comments
  1. Adorei o texto! O que mais existe por aí é gente que sai falando o que não sabe, achando que sabe muito. E como falam! Aguentar esse público é o karma das pessoas inteligentes – e não estou dizendo que “sei tudo”. Mas se eu tô dizendo que sei, tenho embasamento pra isso! Hahahaha. E esse pessoal aí que comentou desfazendo é dor de cotovelo. O autor não se colocou acima dos demais em nenhum momento, apenas convidou à reflexão. Mais amostras de quem fala achando que sabe, sendo que nem entendeu.

  2. Quando terminei a leitura com a frase “Pare de querer ser incrível e comece a querer ser útil”, tive a sensação de que fui induzido a ler todo o texto só para receber, no fim, o que eu mais precisava receber.

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