Se analogias nos ajudam a dar dimensões às coisas, vale aqui usar mais uma: se o Grammy é o “Oscar da música”, o Polar Music Prize é o “Nobel”. Isso porque o primeiro leva em conta algumas questões de popularidade e técnica, enquanto o segundo reconhece ações extraordinárias no campo musical.
Esta distinta premiação começou em 1989, quando o produtor Stig “Stikkan” Anderson, da banda sueca Abba, aportou uma doação milionária à Real Academia Sueca de Música. O nome do prêmio é uma homenagem a Anderson, que foi proprietário de uma gravadora chamada Polar Music.
Desde então, a cerimônia tem homenageado grandes personalidades do mundo fonográfico no mesmo formato do prêmio Nobel — os vencedores são anunciados com meses de antecedência, mas a cerimônia de entrega da estatueta acontece na Suécia, tempos depois.
Pois este ano, pela primeira vez na história da premiação, uma banda de heavy metal será a primeira a receber a honraria: o Metallica vai levar para casa o mesmo troféu dado a Paul McCartney, Pink Floyd, Björk e outras lendas da música internacional.
A banda vai dividir o palco com o Instituto Nacional de Música do Afeganistão que, representado por seu fundador, Ahmad Sarmast, recebe um prêmio de um milhão de coroas suecas.
Pelo prêmio, o Metallica irá ganhar cerca de 125 mil dólares e já avisou que doará o valor para uma organização de caridade, a All Within My Hands Foundation.
Os esforços de Sarmast são reconhecidos com razão: o músico criou uma instituição que ensina crianças pobres a tocar instrumentos clássicos em um país que viu a música ser banida entre 1996 e 2001, período em que o regime talibã imperou na região.
É um belo reconhecimento.