Não adianta alterar as ordens dos fatores, porque a conta desta equação simplesmente não fecha: cantoras de diferentes gêneros musicais ganham milhões de dólares e atraem uma verdadeira legião de fãs, mas são pouquíssimas as mulheres que conseguem espaço e sucesso na produção musical.
Para deixar tudo bastante matemático, coloquemos essa perspectiva em números – apenas 5% dos produtores musicais em atividade são mulheres, e apenas 6 delas foram indicadas ao Grammy na categoria “Produtor do Ano”. Ah, e nenhuma delas levou a estatueta pra casa.
Vencedora do Juno Award em 2009, a cantora e letrista canadense Kinnie Starr se mostrou “curiosa”, para dizer o mínimo, com essa verdade inconveniente, e se lançou em uma epopéia para entender porque tão poucas mulheres conseguem se destacar no backstage musical.
Todas as descobertas e desassossegos da artista foram compressados no documentário “O Gênero da Música” (Play Your Gender), levado ao ar pelo GNT Play.
Dirigido por Stephanie Clattenburg, o documentário de 80 minutos não perdoa a sub representação feminina na indústria fonográfica, e a temática respinga também no cinema e outras áreas ligadas ao entretenimento.
A reflexão trazida pelo filme é tão potente que outros trabalhos sequer tiveram chance no Edith Lando Peace Prize, categoria do Reel 2 Real Film Festival, em Vancouver, que é destinado às obras que melhor exploram o poder do cinema para causar impacto social e propagar a paz.
Além deste troféu, “O Gênero da Música” também levou pra casa o prêmio de Melhor Música/Documentário Artístico conferido pelo Melbourne Documentary Film Festival.
O sucesso estrondoso da peça está diretamente ligado à grandiosidade deste debate, que ganha ainda mais força quando ecoada por mulheres que sentem essa desigualdade na pele: Stephanie, a diretora, é musicista profissional e atuou em muitos projetos como baterista.
Tudo o que vemos ali, pelos olhos e narração de Kinnie, passou, antes, pelo coração de muitas mulheres.
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