Curta é uma espécie de homenagem ao ótimo “Fantasia”, lançado em 1940. O clássico e o moderno se encontram em “Springtime”.
Com toda a pompa que pede a ocasião, a premiere da obra mostrou de uma vez por todas que a sociedade atual ainda está aberta a algumas tradições, uma vez que o filme resgata a estética dos quadrinhos da década de 1940 e, como eles, não contém sequer uma fala. Toda história ali é embalada por uma trilha sonora digna de um Oscar.
Diversos takes no lançamento remontam (propositalmente) o clássico “Fantasia”, ambos protagonizado pela estrela da empresa, Mickey Mouse, que simboliza a primavera, cuja missão é fazer adormecer o implacável Pete – simbolizando o inverno.
Na ausência de diálogos, os instrumentos se encarregam de dar o tom da narrativa, e o fazem com maestria. O baixo, por exemplo, associado a ambientes mais sombrios e situações perigosas é o som de Pete; a flauta, mais doce e otimista, é a “voz” do Mickey; enquanto o violino representa a flor.
Além das escolhas certeiras dos instrumentos – e seus respectivos “significados”, o curta foi um acerto em todos os ângulos artístico. As músicas têm referências de Beethoven, Rossini e Tchaikovsky.
Quem é bom de ouvido pode escutar diversos easter eggs, dos quais conto apenas um: quando o campo verdejante é exibido pela primeira vez no filme, ouve-se no fundo uma canção de Mozart – A Flauta Mágica.
Para descobrir as outras pegadinhas os interessados terão que exercitar muito os ouvidos e praticar a concentração – dois itens que praticamente vêm de brinde junto ao “Springtime”.
Tulio Carreira