Be kind, rewind: corrigir o passado é necessário

Estátuas de torturadores, ruas com nomes de ditadores e outras homenagens “injustificáveis” precisam ser revistas.

Erros e aprendizados se confundem nas páginas da história, e é preciso editá-las – inclusive as entrelinhas – independentemente do tempo, para fazer valer a justiça que escapou à época. Revisar o passado é talvez o passo mais importante rumo a um futuro melhor, porque ali se estabelece o inadmissível: as partes feias do que fizemos, como humanidade, não podem e nem devem ser apagadas, mas reconhecidas como tal, de forma que não mais repitamos os absurdos de outrora. Por isso, estudamos o passado.

Gestos então considerados simbólicos têm desencadeado, neste sentido, uma verdadeira revolução social. A cidade de São Paulo, por exemplo, rebatizou algumas de suas vias, trocando as placas que antes levavam nomes de ditadores e torturadores, pelo nome das vítimas ou outros indivíduos que façam jus a tamanha homenagem.

Como bem lembrado em um recente “Papo de Segunda”, do GNT, New York também adotou essa “faxina histórica”: a estátua de J. Marion Sims, considerado o pai da ginecologia, foi retirada do Central Park depois que veio à tona a confirmação de que o médico testou suas descobertas científicas em mulheres escravas, que nunca lhe deram consentimento.

No programa, e na sociedade, o assunto rende uma boa discussão – há quem diga que é preciso contextualizar certas coisas, levando em conta as regras e as sociedades da época; outros que preferem decisões mais radicais. A gente sempre gostou de trilhar o caminho da moderação, o que não flexibiliza a tolerância ao erro: sabemos que, dentro de um cenário histórico, muita gente coloca as regras e a sociedade da época antes de “fechar a conta”, e acaba admitindo o impossível.

Embora entendamos as raízes e as nuances dessa discussão urgente, não podemos negar os benefícios que essa justiça tardia traz à sociedade, colocando os verdadeiros “heróis” no merecido destaque, e relegando ao porão da história criminosos que passam a ser referidos com a nomenclatura correta.

A história é passado, mas não imutável. Nem incorrigível.

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