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A moralidade não tem tradução

Estudo mostra que nosso julgamento moral se comporta de maneira diferente em outro idioma

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Falar outro idioma é um verdadeiro marabalismo: nem sempre os termos e expressões querem dizer a mesma coisa, então a gente vai equilibrando (e moldando) os sentimentos às opções que temos em outra língua que não a materna.

O mais curioso, porém, é que os palavrões parecem ter um peso diferente. Sei de palavras bem “pesadas” em espanhol, que não devem ser usadas em público — e o faço por códigos sociais, porque, sinceramente, não sinto ali a “maldade” da palavra, diferente do que falar ca***** ou po***, em português por exemplo.

Agora um estudo veio explicar a razão de tudo isso: quando ofendemos alguém ou despejamos nosso vocabulário normalmente censurado em  uma situação, o fazemos a partir de um julgamento complexo, que convoca emoção e razão a trabalharem juntos.

Geralmente, em casos extremos, a emoção tende a falar mais alto — daí nossas atitudes vergonhosas quando agimos de cabeça quente.

Tudo isso para dizer que, quando vivenciamos uma mesma situação em outro idioma, ainda que sejamos fluentes, exigimos mais da parte racional, o que leva a uma outra equação. Em casos “à flor da pele” no estrangeiro, as emoções ficam em segundo plano e tendemos a optar por caminhos mais sensatos — e, portanto, mais politicamente corretos.

Em outras palavras, podemos dizer que o idioma até molda nossas emoções, mas nossa segunda língua é um atalho para a nossa verdadeira personalidade.

Por fim, vale lembrar que aplicamos o estudo de uma maneira bastante “light”, mostrando como isso age no nosso vocabulário, mas a grande verdade é que viver uma situação em outra língua afeta o nosso julgamento moral em casos de vida ou morte também. Sabe aquele velho dilema do “você empurraria uma pessoa na frente de um trem para salvar a vida de outras cinco pessoas?” — então, a resposta variava se os entrevistados eram indagados em sua língua materna ou não.

E tendo em vista a quantidade de relações multiculturais que experimentamos nesse mundão globalizado, não se pode ignorar certos detalhes — sobretudo esse, que têm potencial para reescrever uma história toda.

 

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Redação -

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