Não lembro agora qual escritor cravou a bela frase “o deserto é Deus sem os homens”, mas essas foram as primeiras palavras que me vieram à mente (ou seria ao coração?) quando me deparei com as fotos do australiano Irenaeus Herok.
Nativo de um país com um dos litorais mais ricos do mundo, o fotógrafo trocou a água pela secura completa: passou meses em Dubai e Abu Dhabi, mas voltou sua lente para longe dos shoppings e arranha céus ostensivos que povoam os cartões postais dos Emirados.
Formado e apaixonado por design e belas artes, Irenaeus trouxe sua experiência e bagagem cultural à fotografia, dando aos cliques ares de cinema e pintura.
Nesta série dos desertos árabes, por exemplo, o australiano usou e abusou de seu drone e paciência, permitindo que o vento soprasse para construir a obra natural que bem entendia.
Equilibrando aspectos tradicionais e contemporâneos, o artista mostra que uma paisagem árida pode ser muito fértil aos olhos de quem sempre busca a beleza – sem para isso forçar a barra ou o cenário.