A natureza é sábia, mas às vezes escreve em Comic Sans. Enquanto ursos pandas, elefantes, girafas, baleias e golfinhos comovem o mundo e arrecadam verdadeiras fortunas para a preservação de suas espécies, outros bichinhos não podem contar com seus atributos físicos para garantir a sobrevivência.
O blobfish (“peixe-bolha”, em tradução não oficial), por exemplo, está flertando com a extinção, mas não há uma ONG focada em reverter a situação de risco do animal – e é aí que entra em cena o pessoal da Ugly Animals Preservation Society, um grupo que sabe que “o essencial é invisível aos olhos” e mobiliza a sociedade para lutar também por bichos “mal diagramados”.
A ideia partiu do comediante Simon Watt, que organiza eventos bem-humorados a fim de espalhar sua mensagem urgente para o mundo. E parece que deu certo: Watt e outros comediantes já fizeram tours pela Europa alertando sobre o risco de extinção de espécies cujo habitat natural não é o padrão estético moderno.
Misturando ciência, comédia e debates sobre preservação, essas apresentações são feitas em escolas, teatros e festivais, e a grande sacada é que Watt pede a cada um dos humoristas que sobe ao palco para eleger um animal feio para defender sob a luz dos holofotes.
Ao final do show, a platéia elege o bicho mais feio e ele se torna o mascote local – até porque “não podemos ser todos pandas”, brinca Watt, que chegou a lançar um livro sobre o assunto e concedeu centenas de entrevistas a veículos do mundo inteiro.
E enquanto ele nos faz rir com piadas sobre os desafios estéticos dos pobres bichinhos, a gente se lembra de que bom-humor é o caminho mais rápido ao coração de alguém – e a natureza agradece.