Já não vivemos mais a era dourada da televisão, ainda assim, o intervalo comercial do Super Bowl continua sendo um dos momentos mais celebrados da publicidade. Lugar em que é possível identificar tendências e assistir filmes publicitários que ao longo do ano acabam ganhando prêmios, como foi o caso da Microsoft em 2019 que levou o GP de Brand Experience and Activation no Festival de Cannes Lions.
Como disse ano passado, algumas tendências estão se repetindo a cada ano, o que mostra que já se solidificaram. Essa constatação é importante, pois quando digo que ainda se sustentam como tendência, é porque possuem força para influenciar a estratégia de comunicação de outras marcas ao longo do tempo. Sustentam por exemplo, o argumento daqueles que incentivam marcas mais conservadoras a arriscar em novos caminhos para a sua comunicação.
Este ano em particular, fiquei decepcionado com a falta de inovação. Poucos filmes saíram do tradicional uso do humor e da associação com alguma celebridade. Separei abaixo alguns pontos relevantes:
O propósito da Marca
Não basta comunicar diferenciais racionais. O consumidor de hoje é mais crítico e tem infinitas ferramentas para comparar produtos e escolher o melhor. Assim, a marca precisa ir além, precisa comunicar qual o seu papel na vida do consumidor. Deixar claro como ela pode ser importante. Algo que vá além do seu produto.
Um agente de sentido
Vivemos tempos duros em que questões contemporâneas como a sustentabilidade social e ambiental, a valorização das minorias, a intolerância, a privacidade entre outros temas que movem nosso dia a dia, não conseguem encontrar apoio e suporte apenas no setor público. O estado nem sempre é capaz de atender anseios da sociedade e é nesse lugar que muitas marcas buscam ocupar um espaço. Querem atuar como agentes de sentido, deixando clara sua posição frente a essas questões pois assim, dão visibilidade e empoderam o consumidor para que ele possa encontrar apoio e suporte na sua causa.
Um quê de nostalgia
Alguns pensadores dizem que a dificuldade em enxergar claramente um futuro, nos faz crer que o passado era melhor pois afinal, é conhecido. Nossa sociedade passa claramente por esse sintoma e o setor de entretenimento, bem como a publicidade, é um sintoma disso.
Por fim o humor, claro
Para que algo fixe na sua memória, é preciso haver uma relação emocional. A publicidade sempre soube disso e é por isso que o humor nunca vai desaparecer dos filmes publicitários.
PS: fato relevante
Particularmente, não gostei do comercial tanto quanto gostei do comercial do Google, mas vale destacar a presença, pela primeira vez, de um filme publicitário do Facebook no Super Bowl. Prova de que não basta investir em comunicação em redes sociais. Um plano de mídia eficiente também deve considerar os canais de comunicação em massa para garantir por exemplo, awareness e branding.