Em 1975, Steven Spielberg anteviu o que estaria acontecendo conosco, 45 anos depois. Gênio é assim!
Todos os que viram “Tubarão ” hão de se lembrar.
Numa região de praia, Amity Island, um bicho feroz e devorador, mortal, ronda as suas águas.
As primeiras vítimas começam a aparecer. O sentimento que começa a se espalhar é de que entrar no mar pode ser perigoso.
Apreensão, medo e, pouco a pouco, a convicção de que um inimigo impiedoso está nas redondezas assusta e alerta quem é encarregado de cuidar proteção das pessoas.
Mas não é uma ameaça qualquer, é um inimigo quase invisível. Como numa emboscada, você não pode prever quando ele vai atacar. Ao mesmo tempo, cresce aos poucos a consciência de que sabe-se perfeitamente o que todos precisam fazer para se defender. É só ficar em casa, ôpa escapou, é só não mergulhar no mar.
Bem, muito fácil fazer isso e afastar-se do risco. Como? Impedindo que os banhistas entrem na água.
Mas não é o que pensa quem dirige a administração da cidade, o presidente, quer dizer, o prefeito. Mesmo com os aconselhamentos dos especialistas em segurança. E mais, mesmo com a voz da ciência. Afinal, um infectologista, perdão um oceanógrafo foi chamado para mostrar a dimensão do problema. Alguém que é porta voz da ciência e dimensiona o tamanho do risco que o bicho assassino representa.
Quem se recorda do filme, sabe: o presidente, perdão mais uma vez, o prefeito pressiona pela abertura da praia. Afinal, sem praia, desaparece o turismo que alimenta a economia de Amity Island. O diálogo no filme é assim:
Oceanógrafo: “Estamos lidando com algo (o tubarão) que é uma máquina perfeita, uma máquina devoradora. ”
Prefeito: “Escute, aqui nós dependemos dos turistas de verão para sobrevivermos. ”
Delegado: “Prefeito, se fizermos um esforço hoje, podemos salvar o mês de agosto (para o turismo) ”
Prefeito: “Agosto? Pelo amor de Deus, amanhã é o Quatro de Julho. E estaremos abertos e funcionando. Este será um dos melhores verões de todos os tempos. ”
Tendo que escolher entre a proteção da vida e a da economia, o prefeito insiste e opta pela segunda. Mesmo com a ocorrência de novas morte pela ação do vírus, perdão do tubarão mortal. Juro que estou falando de um filme de 1975.
Bem, Spielberg também anteviu no filme a situação criada com essa tensão política entre salvar vidas ou alimentar a economia. E como isso gerou uma verdadeira, pandemia. Perdão pelo ato falho, um verdadeiro pandemônio nas discussões sobre o que os gestores da cidade deveriam fazer primeiro em Amity Island.
A batalha contra o inimigo traiçoeiro, que acabou sendo chamado de tubavid-19, continuou. Gente morrendo, pedaços de gente jogados na praia. Triste.
Finalmente, na falta de uma vacina contra tubarões, uma missão salvadora saiu para caçá-lo.
Toda luta contra um inimigo impiedoso, pouco conhecido como esse tubarão que veio de longe, dos mares da China (!?), causa baixas. Principalmente, de quem está exposto e em contato quase direto com o insidioso animal. Como seria, aliás, com um médico que se infecta em plena luta na enfermaria.
Apesar disso, a missão está completa e tubavid-19 mortinho.
Em Amity Island, pouco a pouco, a vida volta ao normal. Se o prefeito é mantido no cargo ou não, Spielberg não revela. Confira no Netflix ou nas fontes mais respeitadas de notícias do nosso país.
Que insight poderoso, esse do Troiano!