Facebook no Cannes Lions 2020: “Em momentos de crise, não há espaço para o supérfluo”

A pandemia causada pela COVID-19 se tornou base para toda e qualquer ação do Facebook desde o início da doença.
Facebook no Cannes Lions 2020: “Em momentos de crise, não há espaço para o supérfluo” Facebook no Cannes Lions 2020: “Em momentos de crise, não há espaço para o supérfluo”

A pandemia causada pela COVID-19 se tornou base para toda e qualquer ação do Facebook desde o início da doença. Até porque, como plataforma de apoio a construção de marcas e negócios dos mais diversos tamanhos, focar apenas em um discurso bonito seria não só vazio, mas um prejuízo enorme para seu próprio business. Sobre o assunto, Mark D’Arcy e Antonio Lucio, dois dos principais executivos do marketing da companhia, falaram durante o primeiro dia de apresentações do Lions Live, edição remota e focada em conteúdo da indústria criativa do Cannes Lions 2020 – que começou neste segunda (22) e vai até sexta (26).

Chief creative officer e vice-presidente global de marketing do Facebook, D’Arcy contou que chorou ao ver pela primeira vez o filme que marcou o início dos esforços da empresa em relação à doença, “algo que não é muito normal para alguém nascido na Nova Zelândia”, brincou. Ele se referia a “Never Lost”, criado pela Droga5 Nova York no fim de março intercalando imagens de cidades vazias com rostos de médicos marcados por máscaras e stories de pessoas ainda tentando se adaptar ao novo. Tudo meio clichê hoje, mas que naquele momento fez todo sentido.

https://youtu.be/nWwVFywBCeY

Mais do que um lindo filme, com trilha reproduzindo “People’s faces”, da artista Kate Tempest, a peça anunciava a plataforma de auxílio à comunidade, em que usuários podiam (e ainda podem) tanto pedir quanto oferecer algum tipo de ajuda. Em seguida, iniciaram o projeto de apoio a marcas e negócios atingidos de forma crítica pela crise, especialmente os menores e locais, alocando US$ 100 milhões em auxílios para até 30 mil empresas de 30 países.

“O que estamos aqui para fazer, apesar das circunstâncias, é ajudar a construir marcas quem durem através do tempo. E o propósito é mais importante do que nunca para isso: assegurar que as marcas tenham um papel significativo na vida das pessoas, conexão emocional, empatia e altruísmo. Isso será para sempre a essência para construção de marcas e espero que, como profissionais de marketing, esses valores se mantenham conosco por muitos e muitos anos”, reforçou Antonio Lucio, CMO (chief marketing officer) do Facebook.

Criatividade na dificuldade

Os profissionais também destacaram a necessidade de ser criativo e saber explorar a criatividade em momentos de dificuldade, especialmente em uma pandemia sem precedentes. “A criatividade desbloqueia o potencial da tecnologia e, principalmente, torna ela mais democrática”, enfatizou D’Arcy, lembrando que a maioria das histórias, soluções criativas e engenhosidade por trás da plataforma do Facebook – e também de Instagram e Whatsapp, controladas pela gigante – vem de descobertas trazidas pelos próprios usuários.

“Em momentos de crise, você tem que se dissociar dos objetivos de marca e da empresa para assegurar que você está entregando na essência aquilo que seu público realmente precisa. Não há espaço para o supérfluo”, afirmou Lucio, reafirmando a importância de trabalhar junto a diversas agências de publicidade como parceiras para rever toda sua comunicação e distribuir apenas mensagens que fizessem sentido dentro da realidade do COVID-19.

Entre elas, a dupla lembrou da campanha criada para o Whatsapp, assinada pela brasileira AlmapBBDO, que apesar de ser lançada um pouco antes da pandemia, enfatiza o pertinente posicionamento do serviço em ser “um apoio para os usuários estabelecerem conexões verdadeiras por meio da comunicação privada”.

Ainda na união entre criatividade, tecnologia e pertinência, eles lembraram do lançamento de um produto em plena pandemia, que só aconteceu por também ter conexão com a realidade atual: o Messenger Rooms, serviço proprietário de videoconferência para competir com opções como Zoom, Google Meet e Skype, que se tornaram fundamentais dentro da dinâmica do home office e do distanciamento social – e não só para contatos profissionais, mas para o novo normal dos relacionamentos sociais. A campanha que apresentou o Rooms ao mundo foi lançada em meados de maio, com criação da Leo Burnett Chicago.

Home office, colaboração e diversidade

D’Arcy e Lucio também reforçaram como a colaboração, tanto entre empresas criativas como do engajamento do próprio time, foram fundamentais para que tudo caminhasse com menos impacto negativo e suportando as tamanhas e necessárias mudanças de percurso. “Refletimos muitas vezes sobre como somos afortunados em termos agências tão incríveis como parceiras”, disse D’Arcy lembrando que em junho do ano passado, durante o Cannes Lions 2019, eles definiram um pool de agências parceiras para trabalhar em união com sua equipe criativa interna, o Creative X, formado por escritórios de Droga5, BBDO, Leo Burnett, Wieden+Kennedy e Ogilvy – inclusive no Brasil. “Todos estão fazendo tudo isso de casa, sob diferentes níveis de estresse profissional e pessoal, e mesmo assim focados em soltar esses projetos para o mundo”, completou.

“Crises demandam criatividade mais do que nunca. E muitas vezes é o desconforto que incentiva o pensamento criativo. Foi trabalhar com todas essas parcerias que nos possibilitou criar trabalhos tão incríveis em um período tão curto”, acrescentou Lucio, que também aproveitou para não deixar passar o tema da diversidade – tão defendido por iniciativas recentes do Facebook – em branco na apresentação. “Este é o momento de acelerar a diversidade e a inclusão nas nossas empresas, garantindo que as marcas que estamos ajudando a construir estão realmente conversando com as pessoas da forma que essas pessoas queiram conversar, compartilhando suas histórias e suas experiências de maneira genuína”.

Ah! Hoje também foi lançado o documentário “Classic”, citando trabalhos clássicos entre os vencedores do festival desde seu primeiro ano, 1954, até 2000, em parceria com o Facebook. Rola ainda uma competição para criativos reimaginarem algum deles, tendo o Instagram como plataforma o Wagner Brenner fez um post sobre isso e colocou todas infos lá. Se animar, boa sorte!

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