Priya Parker no SXSW: nada melhor que uma especialista em “encontros” para abrir o festival

“Momentos de crise são os melhores para reunir pessoas e para encontrarmos, juntos, novos caminhos”
Priya Parker no SXSW: nada melhor que uma especialista em “encontros” para abrir o festival Priya Parker no SXSW: nada melhor que uma especialista em “encontros” para abrir o festival

O SXSW acertou em cheio em abrir sua edição de 2022 com uma especialista em… encontros. Facilitadora, consultora e autora do livro “The art of gathering” – “A arte do encontro”, em tradução livre –, Priya exaltou, nas primeiras falas, aquilo que vi muitos outros também fazerem no início de suas apresentações, e certamente tantos outros farão até o fim do evento: como ainda é um pouco estranho, mas tão bom poder ver a audiência ali, de pertinho, e não por meio de janelas de videoconferência.

A executiva é especialista em encontros na forma mais pura da palavra. E em sua conversa com Hugh Forrest, chief programming officer do SXSW, destacou como a pandemia e, agora, a guerra na Ucrânia, unem ainda mais as pessoas, em vez de afastá-las (como muitas vezes pode parecer). “Momentos de crise são os melhores para reunir pessoas e para encontrarmos, juntos, novos caminhos”, destacou.

Usando técnicas de facilitação e toda sua expertise, Priya conseguiu com maestria interagir com a plateia no Ballroom D, o maior do Austin Convention Center (apesar de ainda pouco vazio), fazendo com que a audiência quebrasse o gelo e trocasse informações entre si, em uma tentativa que geralmente fracassa em eventos desse tamanho, ainda mais sendo um dos primeiros nesse “quase pós-pandemia”. Ela convidou a todos que se levantassem e conversassem por 30 segundos com pessoas próximas, mas desconhecidas, sobre como foi a comunicação e os encontros durante a pandemia, e como elas se sentiram diante da experiência.

Deu para perceber que, ao redor do mundo, muitas coisas foram parecidas. Conversei com Finn, de Munique (Alemanha), que me contou que tinha receio de vir ao SXSW diante da realidade atual, ainda enfrentando riscos de contaminação, mas que estava se sentindo muito bem em ver gente outra vez, tocar nas pessoas (mesmo que só um soquinho de ‘hello’) e sentir a energia sem ser pela tela. Já Linda, inglesa de Londres, dividiu comigo que se acostumou com as videoconferências e elas até a aproximaram de pedaços da família presentes em outros países, em datas especiais, mas que viu o quanto realmente gosta de ver gente e de estar cercada de amigos e colegas (mesmo os do trabalho).

Austin está mais vazia que o normal para o SXSW, mas as pessoas estão realmente mais à vontade do que eu imaginava. A cidade não obriga a utilização de máscaras (apesar de alguns eventos o fazerem), e apesar ser frequente ver pessoas continuarem usando, há uma boa parte que gostou da ideia de aboli-la em grande parte do tempo. O clima está longe do que tínhamos num mundo pré-Covid, mas a experiência mostra que, apesar do cuidado e de muita gente ainda reticente (eu incluso), a vontade e a importância do contato humano, na essência, se mantêm fundamental.

Priya pode ficar tranquila. A arte que ela domina pode ter sofrido alterações durante os dois últimos anos, mas tudo indica que ela voltará a ser uma forte tendência em breve. Amém.

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