Anunciado como atração surpresa, já no meio do SXSW 2022, Mark Zuckerberg fez sua apresentação nesta terça-feira (15), se tornando uma das mais concorridas do evento. Como não podia ser diferente, o assunto foi o mais discutido até aqui em Austin, e algo que o fundador da Meta vem trabalhando pesado para ser um dos pioneiros e até se apropriar do termo: “Into the Metaverse: creators, commerce e connection”.
Apesar de conceitos relevantes da empresa mais focada no desenvolvimento do Metaverso, o criador do Facebook fez uma apresentação protocolar e, ao contrário do que costuma acontecer no SXSW, sem grandes revelações bombásticas. O host e entrevistador, o empresário Daymond John – CEO da Fubu e sucesso na edição americana do “Shark Thank”, foi apático e extremamente político em suas perguntas, não entrando em qualquer assunto polêmico ou mais apimentado, o que deixou o conteúdo muito a desejar.
Zuckerberg, que se apresentou remotamente e da forma mais clássica possível, com um vídeo no telão – sem a possível presença mirabolante de um holograma, como foi cogitado -, classificou o Metaverso como “o novo capítulo da internet” e disse que ele pode ser definido como “um espaço virtual onde você vai realmente sentir que está presente em outro lugar, com outra pessoa”. “Sempre quisemos dividir nossas experiências e saber das experiências dos outros. No começo, era basicamente em texto, como no início do Facebook. Depois de alguns anos, com os telefones e câmeras, isso evoluiu para fotos e depois vídeos. Eu não acredito que esse seja o fim da linha. O próximo passo é termos um meio onde você consegue emergir e ter interações mais profundas”, analisou.
O CEO da Meta relatou que sua equipe está trabalhando fortemente no desenvolvimento de tecnologias e soluções que passarão invariavelmente pela criação e produção dos chamados wearables – aparelhos de vestir, com sensores e outros aparatos que vão nos ajudar a ver, ouvir e sentir no virtual coisas que até então eram exclusivas do mudo físico. Um dos grandes desafios é, segundo ele, chegar a sistemas como óculos comuns, munidos de tecnologia de realidade aumentada, telas e outros elementos, que sejam pequenos o suficiente para o uso no dia a dia, mas potentes para permitir tudo isso.
“Queremos derrubar a questão de onde você está fisicamente para ter relações pessoais e profissionais, podendo pular para dentro do metaverso e ter as mesmas oportunidades que pessoas que estão em outros lugares”, enfatizou. “As pessoas são diferentes. Para cada uma delas, estar no metaverso terá um sentido. Pode ser por produtividade ou por diversão”, completou.
Sobre “dominar” o metaverso, Zuckerberg deixou claro que sabe não ser o dono desse ambiente, e que não existirá apenas um, mas um conjunto de plataformas / destinos virtuais que formarão esse grande ecossistema. Mas, segundo ele, “nós nos importamos mais com isso que todos os outros”. “É o que a gente acorda pensando. E se a gente tiver sucesso, é porque a gente se dedica isso o tempo todo. Há problemas de VR, AR, avatares, estrutura computacional. O primeiro protótipo de VR era conectado com um computador. Como fazer sem fio? Com um chip mobile? Uma das próximas etapas é fazer com que eles sejam menores, e aí talvez a saída seja a computação estar em outro dispositivo. E as pessoas precisam poder comprá-lo, claro. Eu acho muito empolgante pensar e tentar desenvolver isso tudo”, acrescentou.
Porém, apesar de confirmar a evolução constante, o CEO da Meta foi bem vago quanto a possíveis prazos. Perguntado quando teremos óculos tradicionais potencializados com realidade aumentada, avatares 100% realistas e outras ferramentas que tornem o Metaverso mais real, ele se resumiu a um frio “em poucos anos”.
Goste ou não de Zuckerberg, da Meta, do Facebook ou seus outros produtos, é inegável que sempre vale a pena parar para ouví-lo quando falamos do futuro das relações sociais na internet. A única pena é que, com tanto para falar – e para se defender das críticas que correm soltas em Austin diante da sua postura –, ele tenha falado tão pouco.