A raiva e a inteligência emocional

Nunca é cedo ou tarde demais para se buscar o equilíbrio.
A raiva e a inteligência emocional A raiva e a inteligência emocional

A internet é assim: toda semana uma polêmica nova para abastecer o conteúdo dos portais de notícias, reverberar à exaustão nas redes sociais e dar munição aos especialistas em generalidades.
Não se fala em outra coisa! Todo mundo, em todo o mundo, está a par do que aconteceu na cerimônia de entrega do Oscar no último domingo e, certamente, a essa altura, todos já têm sua opinião formada sobre o triste ocorrido. Mas que tal, melhor do que se posicionar no “time Chris” ou no “time Will”, tirar proveito e se beneficiar pessoalmente de toda essa história?

Há quem diga que “quem aprende com os seus erros é inteligente e quem aprende com o erro dos outros é sábio”. Verdade! Por isso esse texto propõe uma pequeníssima análise, sob a perspectiva da inteligência emocional, sobre o episódio de 2 dias atrás (já antigo pros padrões da vida tecnológica), mas que entrou pra história da Academia de Artes Cênicas e Cinematográficas de Hollywood!

O ponto aqui não é discorrer sobre o fato em si – a piada de mau gosto do Chris Rock que gerou o gesto intempestivo do Will Smith – até pque, qualquer pessoa minimamente sensata há de concordar que os dois erraram, por isso é inevitável lembrar daquela célebre frase da ex-presidente Dilma Rousseff:
“Não acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder!” rs

O ponto é que, embora eles mesmos tenham publicamente reconhecido sua grave falha e adotado uma postura humilde, elegante e louvável no seu pronunciamento, tudo isso poderia ter sido evitado, se pelo menos uma das partes tivesse agido (ou reagido) com inteligência emocional.

Eu não duvido da sinceridade empregada nas belas palavras do Chris e do Will, mas quando você permite que a raiva o leve a explodir, num impulso impensado, você está se expondo a pressões, criticas e todo tipo de ataque impiedoso, até que, mais cedo pu mais tarde, quando há o reconhecimento do excesso, lá vai você voltar ao palco para se explicar, dar satisfação, pedir perdão….. ou seja, energia e sofrimento desnecessários e perfeitamente evitáveis!

Para aquelas que ainda não viram a declaração dos dois:

A raiva e a inteligência emocional

“A violência em todas as suas formas é venenosa e destrutiva.
Meu comportamento no Oscar de ontem à noite foi inaceitável e imperdoável.
Piadas às minhas custas fazem parte do trabalho, mas uma piada sobre a condição médica de Jada era demais para mim e reagi emocionalmente.
Eu gostaria de me desculpar publicamente com você, Chris. Eu estava fora de linha e estava errado.
Estou envergonhado e minhas ações não foram indicativas do homem que quero ser. Não há lugar para violência em um mundo de amor e bondade.
Também gostaria de pedir desculpas à Academia, aos produtores do programa, a todos os participantes e a todos que assistem ao redor do mundo.
Eu gostaria de me desculpar com a Família Williams e minha Família King Richard.
Lamento profundamente que meu comportamento tenha manchado o que tem sido uma jornada linda para todos nós.
Eu sou um trabalho em andamento.
Sinceramente, Will”

A raiva e a inteligência emocional

“Como comediante, pode ser difícil entender quais linhas devem ser cruzadas e quais não são. Ontem à noite eu cruzei uma linha que não deveria e paguei o enorme preço da minha reputação como um comediante de renome.
Comédia nunca é sobre zombar ou fazer lite de pessoas com grandes provações acontecendo em suas vidas.
A comédia é sobre usar as circunstâncias da vida real para criar risos e trazer luz a um mundo sombrio.
Com isso dito, peço sinceras desculpas à Jada Pinkett-Smith do meu amigo, Will Smith e ao resto da família Smith pelo desrespeito que demonstrei, que infelizmente foi transmitido para o mundo ver.
Espero que, com o tempo, o perdão possa vir dessa situação e todos possamos ser pessoas melhores e mais atenciosas no final.”

Vivemos num planeta onde absolutamente todos os seus habitantes têm defeitos e 100% deles, ao longo da vida, cometem erros. Portanto, a raiva é uma emoção mais do que legítima, visto que, diariamente, o mundo nos oferece motivos para ter raiva e ninguém escapa de, em algum momento, ser protagonista da raiva dos outros.
Mas para isso existe a inteligência emocional, que é um conceito da psicologia, “usado para designar a capacidade do ser humano de identificar e lidar com as emoções e sentimentos.”

Para administrar as emoções e agir com inteligência emocional é preciso que haja harmonia e igualdade na atuação dos hemisférios esquerdo e direito do cérebro. 
O hemisfério esquerdo seria o racional, matemático, lógico, cognitivo, analista e crítico; o nosso lado mais pragmático, objetivo, realista.
E o hemisfério direito seria aquele responsável pela intuição, emoções, sentimentos, o nosso lado mais subjetivo, abstrato.
Quando a balança desses dois hemisférios está desajustada é quando nos portamos no equívoco de estar num extremo ou no outro.

Segundo Daniel Goleman, o pai dessa matéria, os 5 pilares da inteligência emocional são:

  • Autoconhecimento – ter ciência das próprias emoções para saber como gerenciá-las.
  • Autocontrole – dominar os próprios impulsos.
  • Automotivação – não aceitar essa história de “eu nasci assim” e ter o volante da própria vida nas mãos.
  • Empatia – nutrir a sensibilidade de olhar os sentimentos alheios com respeito, compreensão e tolerância.
  • Relacionamento interpessoal – como ninguém é uma ilha, ser habilidoso e civilizado no convívio social é de suma importância.

Tudo isso é relevante e significativo, mas pra mim, a maior motivação de se buscar investir em inteligência emocional é saber que é possível, mesmo diante da maior raiva que alguém possa experimentar, se ela tiver o devido domínio-próprio, a ponto de não se deixar cegar pela ira, no momento acalorado da discussão ela não vai falar nada da qual venha a se arrepender ou se envergonhar depois!
Pra mim, só esse argumento já é suficiente!



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