Fomos até a Power to the Pixel em Londres

Fomos até a Power to the Pixel em Londres Fomos até a Power to the Pixel em Londres

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[su_heading size=”24″ align=”left” margin=”0″]Janaina Augustin, Diretora do Outras Telas da O2 Filmes, esteve no Power to the Pixel, que reúne produtores e financiadores do mundo inteiro para discutir inovação em audiovisual e formatos de negócios.[/su_heading]

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Atualmente temos ouvido falar muito de realidade virtual, mais conhecida como VR (Virtual Reality). Desde o ano passado, quando o Facebook fechou um acordo bilionário e comprou a Oculus Rift, existe um certo frisson e curiosidade crescente sobre o tema entre produtores de conteúdo do mundo inteiro. Poucos sabem as possibilidades de uso dessa mídia, mas gente muito grande já começou  a criar um ecossistema pra que ela se popularize. Alex Bowker, Developers Relation Lead da Samsung, estima que serão vendidos mais de 23 milhões de headsets de VR por ano, gerando 2,3 bilhões de dólares de renda para as empresas que estão produzindo esses gadgets. E que o mercado de conteúdo de realidade virtual deve movimentar em torno de U$ 8,4 bilhões nos próximos anos.

A realidade virtual não é algo novo, há muitos anos pesquisadores investem no desenvolvimento dessa tecnologia, que permite um sonho antigo da humanidade se tornar real: o teletransporte. Mas só agora com o desenvolvimento da tecnologia mobile é que existe um terreno para que ela se popularize como plataforma de entretenimento.

maxresdefaultQuando se está “voando” por cima de uma cidade, instintivamente buscamos nos apoiar em algo físico

Quando você assiste um conteúdo imersivo o seu cérebro é “enganado”, e seu corpo passa por sensações que mimetizam a realidade. Por exemplo, ao assistir um filme de terror é difícil não soltar uns berros e ter palpitações, quando se está voando por cima de uma cidade, instintivamente buscamos nos apoiar em algo físico. Já existem psicólogos usando a realidade virtual para tratar fobias por exemplo.

A imersão provocada pelos óculos e conteúdos em 360 graus é uma das poucas ferramentas que permite ao usuário parar alguns minutos e focar em um único assunto e esquecer do mundo ao redor. Quem já testou um cardboard ou um Samsung Gear sabe do que estou falando. E essa é uma das características mais poderosas da VR, o poder de prender a atenção da audiência por mais de 10 segundos. Coisa difícil hoje em dia com o bombardeio de informações entregues a nós via redes sociais e apps como Whatsapp.

FOMOS CONFERIR O POWER TO THE PIXEL

Nessa semana aconteceu em Londres um evento chamado Power to the Pixel, que reúne produtores e financiadores do mundo inteiro para discutir inovação em audiovisual e formatos de negócios. E a realidade virtual foi um dos assuntos principais.

IMAX FBI

No IMAX do BFI foi feita uma instalação chamada Virtual Stories, onde o visitante podia ver 16 filmes produzidos por gente do mundo todo, pioneiros nesse tipo de narrativa imersiva.

powerpixel3Lounge do Virtual Stories no IMAX BFI em Londres

O que podemos perceber vendo esses filmes é que esses pioneiros estão passando por um desafio grande, criar do zero os formatos de distribuição e de narrativa para essa tecnologia. Não dá pra usar as mesmas “receitas” das mídias tradicionais, como o cinema e TV, quando se faz um conteúdo imersivo. Na mídia tradicional você assiste a uma cena numa tela separada de você, no VR você está dentro da cena, e é você que decide para onde olhar. Para criar uma gramática nova é preciso muita experimentação, criação de protótipos, testes, erros, até chegar a modelos que gerem mais conexão emocional com as pessoas.

SASCHKA UNSELD – OCULUS STORY STUDIO

Saschka Unseld da Oculus Story Studio, braço da Oculus Rift focado na produção de filmes em VR, dá algumas dicas valiosas que divido aqui. Uma delas é começar o filme “ensinando” o usuário a se comportar nesse ambiente. Ele cita o filme Lost que foi produzido por eles como exemplo.

 

Adobe CS5 Cleaner ToolSaschka Unseld da Oculus Story Studio

O filme ocorre dentro de uma floresta, e começa com um inseto voando no escuro, para que o usuário aprenda a mover a cabeça para os lados e para cima. Depois ele apresenta o cenário, e dá um tempo relativamente grande para que o usuário se localize no espaço. Só depois disso é que o filme começa, e inicia a narrativa. Ou seja, ao produzir conteúdo para Realidade Virtual é preciso entender que se trata de uma experiência complexa pra quem nunca testou, e sensorial também. E os roteiros têm que considerar essas características.

lostvr

GABO ARORA – ONU

gaboGabo Arora, Co-criador de VR da ONU

Outra palestra interessante do Power to the Pixel foi do Gabo Arora, Co-criador de VR da ONU. Ele produziu alguns filmes em conjunto com a VRSE, uma produtora que está entregando conteúdo de altíssima qualidade em VR. Um deles, Clouds Over Sidra, traz o usuário para dentro de um campo de refugiados na Síria. Ele exibiu esse filme em Davos para possíveis investidores em busca de doações para as ações humanitárias, nos headsets de VR da Samsung, e conseguiu resultados bastante satisfatórios. Um em cada 6 empresários que assistiram o filme imersivo doaram o dobro do que costumam doar, e aumentou consideravelmente o número de pessoas que já se disponibilizaram a doar para ações futuras. Num momento em que filmes sobre gatinhos atingem milhões de views na internet, contra alguns poucos milhares de views das campanhas que buscam apoio a causas humanitárias, essa ferramenta trouxe uma nova perspectiva para Gabo, que já está produzindo uma série de filmes imersivos que mostram outras causas e países que também precisam de visibilidade imediata.

CONCLUINDO

A realidade virtual é uma máquina de geração de empatia, como disse Chris Milk, diretor da VRSE, em seu TED. O único porém é que hoje ainda temos mais perguntas sobre VR do que respostas, mas isso é natural quando se está construindo algo novo.  O processo vai ficando cada vez mais fácil, e vai evoluir mais quando tiver mais gente produzindo conteúdo de qualidade.

O que esses pioneiros que vimos no Power to The Pixel estão tentando fazer agora é não banalizar o VR desde o início. Filmes de ação com armas e pornografia vão acabar sendo populares nessa mídia, alguns dizem.  Mas por enquanto ainda podemos aproveitar que esse meio está sendo criado do zero, e que é muito atrativo para os jovens, fazendo conteúdos que não só geram audiência mas pensamento crítico sobre assuntos importantes para a humanidade. Nada contra vídeo de gatinhos fofos e filmes de ação, mas o VR ainda é uma tela em branco e pode ser usada para provocar outro tipo de reação na audiência além de likes. Algo que se busca muito hoje em dia, e que se chama engajamento.

Pra quem não puder ver os filme no IMAX em Londres, é possível baixar alguns para visualização em Android e IOS. Alguns, como os da VRSE,  podem ser vistos com e sem cardboard. Neste link com a relação dos filmes exibidos lá, é só procurar os Apps no Google:

 

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