Viagem no tempo no interior de Minas

Viagem no tempo no interior de Minas Viagem no tempo no interior de Minas

Viagem no tempo no interior de Minas

(Entrevista concedida a Salatiel Correia)

Duas da tarde de uma quinta-feira, encontramos Carlos Romero Carneiro na redação do jornal “Empório de Notícias” para uma entrevista sobre o seu primeiro romance “Conexão Hirsch – Nostalgia, obsessões e viagens no tempo”. Logo de cara, notamos algumas similaridades entre o protagonista da trama e seu criador: ambos produzem um “jornal de notícias velhas”, em uma cidade encravada aos pés da mantiqueira, e têm fixação pelo passado. Diferente do personagem Gabriel, o escritor não demonstrou recolhimento. Parecia entusiasmado em comentar sobre o trabalho e contar como as histórias que colecionou durante a vida foram importantes na construção da narrativa.

Como surgiu a ideia de criar uma história de viagem no tempo em uma cidade mineira?

Sou apaixonado pelo tempo. Tenho fascínio pela influência do passado e pela rapidez com que a vida se renova. Talvez, por isso, tornei-me um aficionado pelo assunto e usei este elemento como principal recurso narrativo.

De que trata o livro?

É a história de um rapaz tímido e reservado que produz um jornal com assuntos acontecidos no passado e, que por algum motivo, torna-se dependente de energias gravadas em objetos, lugares e pessoas. Seu comportamento excêntrico atrai a atenção de um velho chamado Amarante que passa a ensinar-lhe sobre as técnicas de absorção dos fluidos, o que possibilita ao protagonista ter acesso às memórias da cidade.

Capituva, a cidade onde a história acontece, é sua terra natal?

O ambiente é real, mas as personagens são fictícias. A ideia foi utilizar as ruas e construções de onde nasci (Santa Rita do Sapucaí) para possibilitar aos leitores interagirem com a obra. É claro que nem tudo está lá. Não há sete bustos do Coronel espalhados pela cidade. A ideia é promover uma experiência que dê às pessoas um sentimento de pertencimento à obra.

Por que a trama acontece nos anos 70?

Eu queria que os personagens transitassem para dar vazão às suas experiências e imaginei que isso não seria possível em um mundo conectado. Como nasci no fim dos anos 70, captei o momento e usei aquela atmosfera bucólica para acrescentar vigor à narrativa.

Você acredita no que chama de “Projeção no tempo”?

Sempre que caminhava pela cidade notava que o ambiente parecia carregado em algumas ruas e imaginava que havia algo que não podia compreender. O interessante é que eu não era o único. Outras pessoas eram submetidas às mesmas sensações, nas mesmas ruas. A conclusão que cheguei foi de que existe algo que nos influencia o tempo inteiro. Algum tipo de energia impregnada nas coisas. É claro que eu nunca voltei no tempo, nem tive visões do passado, mas tocar alguns objetos ou transitar por certos lugares, aguçam um sentimento que eu não sei explicar.

Gabriel é seu alter ego?

Nós temos diversas particularidades, como o fato de sermos jornalistas e nos ligarmos em história, mas somos pessoas bem diferentes. Estamos falando de um sujeito obsessivo, estranho, que coloca algo na cabeça e não tira e que começa a interagir com o passado pela incapacidade de lidar com a própria vida. Pensando bem, somos parecidos sim!

Como surgiu a ideia de levar a tecnologia à literatura?

Venho de um ambiente tecnológico. Algumas das principais empresas e instituições voltadas à tecnologia no país nasceram em Santa Rita do Sapucaí (também conhecida como “O vale da Eletrônica”). Também atuo em uma startup altamente inovadora para recrutamento e seleção de profissionais por vídeo, a 30toshow. Certamente, fui influenciado por esta efervescência digital.

Como a tecnologia interage com o seu livro?

Embora seja o meu primeiro romance, “Conexão Hirsch” é o meu sexto projeto editorial. Em todos os trabalhos anteriores, criava uma playlist diferente para manter o clima da narrativa e imaginei que seria interessante disponibilizar estas músicas para servir como pano de fundo a quem fizesse a leitura. Outro recurso foram os vídeos que podem ser acessados em ruas e construções através do uso de QRCode. Para quem não pode viajar a Santa Rita, listamos as “locações” no GoogleMaps, com as devidas descrições. Tudo isso ajuda a dar mais interatividade à obra. (Site oficial: www.conexaoh.com)