Para Jamil Zaki, professor de psicologia da Universidade Stanford que palestrou no SXSW, a resposta é sim. Segundo Zaki, a empatia não é uma característica imutável, e sim um sentimento que podemos exercitar em nós mesmos diariamente. Capacidade de cuidar não é um traço fixo de personalidade, mas uma habilidade a ser cultivada. Como exemplo, ele cita as reações que temos diante de grandes tragédias ou de cenas fortes, como aquela imagem do menino sírio morto na praia que rodou o mundo em 2015. Na época, as doações para organizações que auxiliavam refugiados dispararam, mas logo voltaram ao normal. Para ele, a melhor opção é fazer pequenas doações recorrentes, não necessariamente para uma única causa que você acredite, e assim praticar sua empatia de forma constante.
Zaki também lembra o quão difícil é se tornar empático vivendo nas grandes metrópoles. Ambientes que sugerem a interação, como clubes, parques e vilas, são cada vez mais raros. Enquanto outros não tão “tradicionais”, mas que também possibilitariam o convívio comum, como mercados, feiras e cinemas, estão sendo substituídos por aplicativos para o celular. Essa forma de organização da sociedade contraria aquela para a qual os humanos evoluíram, ou seja, pequenas tribos, onde todo mundo se conhece. “Empatia é algo poderoso e instintivo, mas pode ser difícil no mundo moderno”, define.
Hoje uma palavra “da moda”, a empatia já é pauta para o pesquisador há muito tempo, uma vez que ele tem estudado o tema pelos últimos 15 anos. Mas em uma comparação engraçada, porém triste, Zaki afirmou que é como estudar calotas polares. Ou seja, descobrir o valor de algo ao mesmo tempo em que vê aquilo desaparecendo.
Para quem se interessar, o professor acaba de lançar um livro sobre o tema: “The War For Kindness: Building Empathy in a Fractures World”.O post era só pra dar a dica do livro. Fui com a cara do rapaz.