Em todo o mundo, as mulheres têm lutado ao longo das últimas décadas para terem acesso às mesmas oportunidades oferecidas aos homens. Avanços de fato ocorreram, mas ainda há muito a ser mudado. Uma das áreas em que isso é mais claro é na ciência.
De acordo com a Unesco, menos de 30% dos pesquisadores do mundo são mulheres. Na América Latina, a proporção é um pouco melhor, mas ainda insatisfatória: 45%. Além da disparidade na proporção de pesquisadoras, a Unesco informa que elas são recebem menos que os homens, veem suas carreiras progredir menos e publicam menos artigos que os homens.
E por que isso acontece? Muitos fatores explicam essas desigualdades. Mas um dos principais problemas é que, ainda na escola, as meninas não são incentivadas a buscar uma carreira em áreas relacionadas às exatas, à tecnologia, à ciência e campos relacionados.
Faltam oportunidades para mulheres em ciência e tecnologia
De acordo com a Girls Who Code, organização sem fins lucrativos que se dedica a ensinar meninas a programar, 74% de garotas e mulheres demonstram interesse pela área da tecnologia. Só que apenas 0,4% delas estuda Ciência da Computação. O resultado disso é que esse mercado fica extremamente defasado.
O cenário é ainda mais grave quando percebemos que os empregos do futuro terão uma relação cada vez mais direta com as áreas da chamada STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática). De acordo com o Fórum Econômico Mundial, 65% das crianças entrando hoje na escola terão empregos que ainda não foram inventados. Deixar as meninas de lado é criar um mercado com uma enorme disparidade entre os gêneros e onde as mulheres não estarão tão capacitadas quanto os homens.
Iniciativas que querem mudar esse cenário
Algumas iniciativas querem mudar essa perspectiva e colocar cada vez mais mulheres nas áreas STEM. A Unesco criou em 2015 o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, que acontece todo ano em 11 de fevereiro. A ideia é promover o acesso das mulheres e meninas na ciência por meio de ações com empresas e organizações da sociedade civil.
O documento final da edição 2019 do evento pede a “todos os governos, o setor privado e outras partes” que ofereçam “mais bolsas e bolsas de estudo e acessíveis a mulheres” e invistam “na educação STEM para meninas desde o ensino primário em diante”, já que a decisão de qual curso universitário fazer “é fortemente influenciado pelas experiências anteriores e exposição à ciência”.
No Brasil, duas iniciativas capacitam e informam mulheres a respeito de oportunidades em ciência e tecnologia.
Em São Paulo, a PrograMaria, como o próprio nome diz, ensina programação e procura empoderar as mulheres usando a tecnologia. Dentre os alunos de Ciência da Computação no Brasil, as mulheres são apenas 22%, de acordo com o IBGE. A organização quer justamente preencher essa lacuna capacitando novas profissionais para que elas possam fazer parte da economia do futuro.
Em Pernambuco, as MINAS fazem um trabalho parecido, além de ajudar as profissionais que trabalham no mercado a continuarem atualizadas e expandir as carreiras. Dentro das empresas, as MINAS dão consultoria para que mais mulheres preencham as vagas.
Empresas como a IBM também compreenderam essa urgência e estão investindo para treinar lideranças e capacitar mulheres. A iniciativa Be Equal se compromete a criar um ambiente mais diverso e inclusivo oferecendo ferramentas para selecionar candidatos sem viés de gênero, planejar a carreira dos funcionários da empresa e outras iniciativas.
Exemplos como o de Camila Achutti servem não apenas para provar que as mulheres podem ter sucesso nas carreiras STEM como para servir de inspiração a quem quiser seguir essa trilha. Com menos de 30 anos, Achutti já fundou duas startups de sucesso (Ponte 21 e Mastertech) e cursou ciências da computação na Universidade de São Paulo (USP).
“Precisamos quebrar esse paradigma. Estamos caminhando, mas mudar cultura leva tempo”
Camila Achutti (Ponte 21 e Mastertech)
Para ela, um dos caminhos para incluir mais mulheres no mundo da ciência e tecnologia é acabar com os estereótipos a respeito de quem trabalha nessa área. Não existe espaço apenas para geeks e aficcionados por matemática, explica. “Precisamos quebrar esse paradigma. Estamos caminhando, mas mudar cultura leva tempo”, disse ela.
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Minha mãe é pesquisadora, tenho muito orgulho dela <3 foi fundamental na minha educação olhar para ela e ver que eu poderia “chegar lá”. Faz um bem danado as mulheres poderem ser felizes sendo respeitadas. Lindos projetos. Obrigada por compartilhar.