Se você acompanha um pouco da cultura, especialmente seriados, norte-americano, acredito que ouviu falar sobre: “Duro de Matar é um filme de Natal, e o melhor”. A coisa toda começou como uma piada, tornou-se um substituto diferente de outros filmes para a época e, para ser honesto, nunca fez sentido para nós. No US tem cansado um pouco também. Dito isto, vamos ao principal fato: O melhor filme de Natal – por abraçar o feriado e pelo desdém por ele – é: Gremlins.
Explico, e vou também abordar um pouco sobre os gostos dos updaters para os filmes natalinos. Em uma pergunta direta para aqueles que compartilham posts por aqui, encontrei as seguintes respostas:
Lorenzo Mendoza: A Charlie Brown Christmas (1965)
O desenho que é conhecido por todo US tem uma história fantástica sobre como foi considerado um potencial flop, com os produtores inicialmente pensando que “Charlie Brown Christmas” era um fracasso de férias, para ser mais do que comprovado pelas últimas cinco décadas que ainda se mantém firme e forte. – Leia aqui.
Se a indicação acima entrega aquele espírito de natal que existe por pouco mais de 200 anos, o roteirista de Gremlins, Chris Columbus – que sempre alegou amar o Natal – não usa a conexão das festividades como necessidade para o filme – afinal, o filme foi lançado originalmente em junho – mas, no fundo, é uma comédia-horror de Natal perfeitamente afinada. Foi preciso uma mistura especial de três pessoas específicas para que isso acontecesse: Columbus, cujo roteiro original era um festival de sangue classificado como R (18+), que colocou os gremlins não apenas para matar vários personagens principais, mas também comê-los em detalhes horríveis.
Maestro Billy: “Planes, Trains and Automobiles” (1987)
Aqui temos um clássico com Steve Martin e – o saudoso – John Candy estrelando a clássica história de uma viagens de férias reais de John Hughes (diretor do filme) que deu errado. Vale assistir algumas curiosidades sobre o filme:
Poucas pessoas sabem que o filme acima é classificado como R (18+), e vou chutar que uma boa parte da audiência brasileira assistiu o filme durante a Sessão da Tarde, na Rede Globo, editado, pela década de 90. – Essa mistura de cômico e extremamente trágico faz parte do DNA dos melhores filmes da época, cada um colocando seu próprio foco para o “a região criativa” que melhor convir falar na época para o público e o roteiro.
Gremlins, por exemplo, pode ser colocado em várias lentes, seja sobre luta da classe média suburbana ou até mesmo precisando de um reboot para aliviar o racismo contra asiáticos que existe no filme. – Dito isto, quero colocar minha lente em uma cena em particular que vai se manter por gerações. Uma que vem do nada. Um masterclass em comédia horror. É o momento em que Kate (personagem da atriz Phoebe Cates) se revela o coração sombrio do filme. No meio do caos assassino que desceu sobre sua cidade (graças a Billy, seu amigo e futuro namorado, que não soube seguir três regras simples), Kate reflete sobre por que odeia odeia o Natal. E aqui, se você foi uma criança assistindo, ouviu o monólogo que ficaria marcado por anos na sua mente:
Sim, pode-se dizer que meu rosto ficava idem do Mogwai na cena. Horror, surpresa, e um leve sorriso no rosto quase meio–sociopata “Meu pai… QUE HISTÓRIA!”
Wagner Brenner: Miracle On 34th Street (1947)
O filme pode ser considerado a visão de Hollywood sobre o natal, pensando no pós-guerra e na necessidade de ajudar a ‘girar mais dinheiro’ pelo comércio de todo o país. A história de um verdadeiro “Kris Kringle” (interpretado pelo inimitável Edmund Gwenn) conquistando a confiança da alta gerência da Macy’s e ensinando a jovem Natalie Wood e sua progressista mãe Maureen O’Hara a acreditar novamente no Natal é quase uma lição sobre como colocar o comprador na frente do produto.
Cena. O que a cliente da Macy’s diz quando o Papai Noel a envia para outra loja para comprar um caminhão de bombeiros para o filho? “Se isto me surpreende? A loja me enviar para outra loja onde encontro o presente disponível?” – com o objetivo da cena ser de real surpresa de uma loja enviar para outra, mas podemos assistir hoje com outro tom para a cena. Encerrando com a mensagem dita de “O que importa não é a criança feliz, independente de onde se compra o brinquedo?”. O filme é um clássico necessário para assistir – com ou sem a visão dos dias de hoje – e oferece um elenco de virtualmente todos os atores familiares conhecidos da Era de Ouro de Hollywood.
Filmes focados na troca de presentes, ajudaram a direcionar Columbus em como contar uma história de natal, fora do natal, baseado em um personagem (no caso um pet) adorável, comprado em uma loja escondida da cidade, e visto como um dos melhores presentes para toda a vida. Columbus escreveu uma história de quase-ódio-descarado ao Natal, mas ainda assim adorando a data. O horror é causado por um presente descuidado, e a iconografia do feriado, de cordas de luzes coloridas ao próprio Papai Noel, é degradada e contaminada por toda parte. Para umas férias que não faltam em filmes e músicas com orvalhos em sua homenagem, este filme é o caçador amargo que todos nós precisamos, para lembrar que Natal pode ser bom, mas não esconde nossa história, quem somos e a realidade ao nosso redor.
PS:
Sim, todos nós citamos Home Alone como um filme ainda bem clássico de natal que atinge muitas gerações. Mas é um texto para outros tempos. Enquanto a Disney está pensando no reboot oficial do filme, vale relembrar como Kevin ‘iria se virar‘ hoje, com todos os aparatos tecnológicos da Google disponíveis para ele, mesmo ainda ‘esquecido em casa’.
E para você, qual melhor filme de natal?