Match Point

Match Point Match Point
Match Point
Mudo de tema como quem muda o canal da TV

O jogo começa. Rafael Nadal saca para tentar o ace. Ponto. Novo saque. Força total nos braços e mais uma trauletada. 30-0. Ele repete a estratégia até o final do primeiro game. Depois, do set e, posteriormente, do jogo. Partidas de tênis são assim: um tentando atropelar o outro. Quanto menos chances ao adversário, mais perto do objetivo final. 


Mudo de tema como quem muda o canal da TV.

A história agora se passa na minha mesa. Ou melhor, ao lado dela. Hoje, o Kazuo e eu completamos 5 anos trabalhando juntos. Período em que dividimos jobs, campanhas e um pedacinho da nossa história.

No meio dos livros e das garrafas que dividem a fronteira dos nossos computadores, está a interseção das lembranças que foram escritas ao longo de todo esse percurso.

O primeiro filme na rua, a viagem para um intercâmbio em Miami, a ligação do Kazuo às 5h da manhã avisando sobre os nossos primeiros Leões, o dia em que o Tito nasceu e eu caí sozinho em lágrimas em um almoço pós-reunião, entre muitas outras. Acontecimentos que ficaram no passado, mas que continuam vivos aqui dentro.

Já ouvi muita gente falando em “sorte” por eu ter encontrado alguém que bate com as minhas ideias. Bobagem. Se tem uma coisa que não cabe em um relacionamento de 5 anos é sorte. Para chegar nesse estágio, foi preciso paciência, companheirismo e, sem dúvida alguma, muito diálogo.

E aqui abro um parêntese para falar sobre a etimologia dessa palavra. Diálogo vem do grego diálogos, em que o elemento dia significa “por intermédio de”, e logos é sinônimo de “palavra, estudo, tratado”. Por fim, “diálogo é o entendimento através da palavra”.

Isso significa que, mais do que ouvir a opinião alheia, é importante escutar verdadeiramente as vulnerabilidades da pessoa. Sem ofensas, sem julgamentos, sem ridicularizações. A fortaleza de uma dupla está justamente no respeito às diferenças e às supostas fraquezas do outro.

É um desafio enorme manter, por tanto tempo, um relacionamento em que sequer temos a obrigação de estar nele. Afinal, com quantas pessoas você consegue ter uma relação franca e duradoura? Quantas pessoas você consegue aceitar e até abraçar os erros? Uma tarefa árdua para os dois lados.

Kazuo e eu decidimos escrever juntos uma história nessa profissão. Para a minha felicidade, algumas delas se tornaram os melhores capítulos da minha vida. E é pelos novos roteiros que estão por vir que fazemos questão de cultivar essa relação da melhor maneira possível.

Volto ao início do texto para concluir meu raciocínio.

Duplar não é entrar em uma partida de tênis. Não jogamos um contra o outro, não forçamos os erros do adversário, não subimos à rede para matar o ponto. Pelo contrário. É mais como o frescobol, em que um depende do outro. Juntos, sem deixar a bola cair, é que o jogo fica mais divertido.

E sem chance de match point.

Add a comment

Deixe um comentário