No dia 25 de Março de 2018, após às 09:06hrs me deparei olhando fixamente para os olhos da maior lecionadora da “faculdade da vida”. Minha filha Heloísa.
Eu que achava estar pronto para ensiná-la todas as questões da vida, estava estagnado admirando o profundo universo de ensinamentos em seus pequeninos olhos, e a verdadeira felicidade estampada em um breviloquente sorriso que aos poucos expressava a radiante felicidade de poder encher seus pulmões de ar.
Mas quando ela tinha um ano e seis meses, ela me ensinou a maior lição de vida.
Ela ganhou um daqueles brinquedo com furos em formas geométricas. O objetivo é encaixar os blocos em seus respectivos buracos, para que assim eles entrem dentro da caixa.
Eu passei cerca de dez minutos tentando ensiná-la que se ela pegasse a forma geométrica estrelar e colocasse na forma geométrica retangular, sua peça não entraria no brinquedo, e que isso poderia frustrá-la. Passado esses dez minutos de relutância, resolvi que ela por si mesma notasse que era impossível a peça dela entrar no brinquedo (caso ela não seguisse a regra geométrica), foi aí que fiquei embasbacado ao vê-la simplesmente abrindo a portinhola do brinquedo e lançando sua pecinha para dentro.
Nesse momento, percebi que qualquer problema pode ser resolvido, mesmo que pareça algo impossível de se realizar, desde que tenhamos a pureza e o foco igual ao de uma criança.
É normal atingirmos uma certa idade e termos a convicção de que chegamos a um patamar intelectual suficiente para acharmos que não há mais nada que precise ou possa ser aprendido. A verdade é que quanto mais envelhecemos, mais precisamos aprender.
Quando a Heloísa fechou a portinhola, ela olhou para mim, me deu um leve sorriso e como que tivesse uma super missão, ela segurou minha mão, me levou até o brinquedo, me fez sentar, sentou-se no meu colo e me deu outra pecinha, usou sua pequenina mão e segurou a minha, me ensinou abrir a portinhola e pediu que eu jogasse a pecinha lá dentro.Comemoramos muito nossa conquista.
O conhecimento e a aprendizagem não é algo que temos e devemos usá-lo para nos engrandecer sobre os outros, muito pelo contrário, ele serve para erguer aquele que se sente vazio. E como a Heloísa disse através de seus gestos subliminares: “Se eu consegui, você também consegue”.
Afinal, não importa que tipo de pecinha somos, não importa se branca, preta, amarela, fina ou redonda, um dia todos nós iremos parar na mesma caixinha.