Como Grey’s Anatomy, no episódio 19 da temporada 14, tocou diretamente a mente e o coração de 800 mil pessoas que vivem o drama de terem sua nacionalidade reconhecida nos EUA? Como adultos voltaram a ler quadrinhos da Turma da Mônica? Como Years and Years vocalizou o medo da distopia do fascismo ascendente no mundo?
No terceiro episódio do Pé de IP, vamos falar de DESENVOLVIMENTO de EIPs. A jornada de uma ideia, premissa, argumento ou desejo até o produto final nas telas, nos consoles, nos alto-falantes, nas páginas ou nas tintas. Nossas almas serão eternamente reféns da inspiração e iluminação de artistas que, de acordo com Platão em Íon, advém do divino via elos magnéticos segundo seus caprichos? Ou será que existe ciência por trás do desenvolvimento de obras que embalam nossos sentidos, causam emoção e encantamento?
Para aprofundar nessa questão, Bruno D’Angelo, fundador da WIP, uma aceleradora de IPs e negócios, e seu sócio, Pedro Pizzolato recebem convidados que dão uma verdadeira e deliciosa aula-magna sobre o tema. São eles: Julia Priolli, executiva de Desenvolvimento de Roteiros na Amazon Studios e que cuja história profissional se confunde com a própria evolução dessa carreira no Brasil; Sidney Gusman, o lendário Sidão da Maurício de Souza Produções, idealizador e responsável pelo projeto GRAPHIC MSP; e Felipe Pereira, professor de desenvolvimento de games na Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e fundador da AOCA Game Lab, estúdio de games responsável pela incrível e maravilhosa obra Árida.
Sejam bem-vindxs ao incrível mundo de desenvolvimento de EIPs, uma indústria que movimenta bilhões todos os anos em vários segmentos. É uma tarefa que exige muita ciência e cuidado. Com as produções cada vez mais complexas e investimentos cada vez maiores, as salas de roteiro e pré-produção devem com genialidade entender seu público-alvo, prever tendências de assuntos e temáticas para horizontes de 2 a 3 anos e, não menos importante, prever como a relação entre o público e a mídia escolhida vai estar se comportamento no momento do lançamento da obra. O mercado brasileiro de Desenvolvimento de EIPs está em franca evolução, assim como sua diversidade. As obras de entretenimento buscam cada vez mais dar voz e trazer à tela novas temáticas e problemáticas de grupos minorizados. É uma infinita riqueza de estórias e contextos que ficou latente por muitas décadas ante a um domínio e visão limitados do mainstream das mídias.
A profusão de mídias, canais, SVODs, etc proporciona, também, espaço para o florescimento de novos universos. Uma boa ideia ou premissa pode fracassar pela forma como se dá seu desenvolvimento, e uma má ideia pode ser salva por seu desenvolvimento. Será que conseguiremos desenvolver a capacidade de avaliar (e quase garantir) o sucesso de uma obra a partir de um olhar e trabalho cuidadosos em seu processo de desenvolvimento? Parece uma tarefa para poucos, mas juntos vamos investigar!