Quatro meses de pandemia. Perspectivas? Poucas. E ainda um pessimismo assolava a criatividade. Em julho de 2020, o convite da companhia de dança californiana Jacob Jonas foi um alento no meio desse caos: integrar um projeto global de filmes experimentais de dança.
Films.Dance, em parceria com a Somewhere Magazine, instigou a mim e a outros diretores e diretoras de cena ao redor do planeta a gravar bailarinos consagrados em seus universos. Foram mais de 150 artistas envolvidos em 25 países para criar 14 produções originais. Amsterdam, Canadá, China, Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos – de Los Angeles a Nova Iorque, Nigéria e Espanha foram também palco visualmente extraordinários para performances autorais.
Os ensaios que começaram pelo zoom me conectaram a dançarinos que se uniram para desenvolver a coreografia de Pássaro Distante, a terceira poesia visual lançada pelo projeto. A inspiração inicial foi a palavra saudade.
Em nossa produção, uma viagem espacial nos transporta para outra dimensão. Seja no som, no movimento ou nas locações não óbvias, uma mistura dos tons do Brasil com a vibração do cosmos. Criar o filme Pássaro Distante foi entrar em uma nave espacial e enxergar o futuro de uma outra perspectiva, quebrar paradigmas e trazer um novo olhar para a nossa terra. Foi um alento se inspirar na energia subjetiva expressa pelo corpo humano e ter esperança na arte.
Estou à bordo desse foguete, na direção, junto com a coreógrafa Cassi Abranches, a diretora de fotografia Larissa Zaidan, a Figurinista Bru Fernandes e a produtora executiva Karin Nantes pela Untitled. Além de Luis Fernando, da Companhia Jovem do Bolshoi, Jovani Furlan, primeiro brasileiro a fazer parte do New York City Ballet, onde atua como solista, e Luanna Gondim e Maitê Nunes, ambas solistas no Perm Opera and Ballet Theatre. A música trilha foi construída especialmente por Ju Strassacapa e Malu Magri, floreando a composição de Andrei Martinez Kozyreff. Também colaboraram com seus talentos os músicos André Marrocos e Gabriel Lima.
“Caminho longo e longe pra nenhum brasileiro botar defeito.”