Antes de mais nada, esse não é para ser um conteúdo estritamente “jornalístico”, afinal muita coisa rolou no primeiro dia do Lions Live. Traduzi e separei insights das palestras que achei mais interessantes e pertinentes para nossa comunidade Update Or Die, com foco naquilo que possa formar repertório, atualizar e inspirar o trabalho de criativos de qualquer segmento, afinal a criatividade não é exclusividade de profissionais que trabalham em agências de publicidade, ou setores de marketing e inovação. É pertinente ao ser humano.
O que quer que você faça, a criatividade pode ser um diferencial não só para sua profissão como para sua vida.
Essa talvez seja a alma deste ano no Lions Live. Trazendo profissionais de propaganda, mas não apenas propaganda: autores, diretores e líderes de diversos segmentos que compartilham sua visão de mundo e seus processos criativos para tentar chegar a uma “resolução”:
Como exercitar a criatividade.
O que há de diferente nesse ano?
A Lions Live 2021 toda focada em você. Em como você pode se tornar mais criativo. Como você pode adaptar suas habilidades e ferramentas para um novo mundo. Em como você pode ser bem sucedido em um mundo de muitas incertezas.
Simon Cook, diretor geral do Lions, abre falando sobre como já sabemos que a criatividade prospera em tempos de crises e limitações e que, para tempos como os que vivemos, devemos afiar nossas ferramentas de criatividade. “Sabemos da deficiência da edução em ensinar sobre a arte da criatividade, até porque esse termo é ainda muito intangível e subjetivo. Mas podemos explorar temas que incentivem a criatividade como liderança, pensamento crítico, curiosidade, adaptabilidade, etc.”
Sendo corajosos é como nos apresentamos em meio às incertezas
O segundo destaque vai para Madonna Badger, diretora de criação e fundadora da agência nova-iorquina Badger & Winters.
Apelidada de “leoa que ruge”, ela que criou e deu fama à hashtag #WomenNotObjects, foi presidente do Juri da categoria “Glass Lion” que trata de mudanças na cultura e criatividade, e incentiva a carreiras de mulheres na indústria da criatividade.
Tendo passado por um incêndio que lhe tirou – numa manhã de natal – 3 filhas pequenas, e também seus pais, ela mostra coragem todo dia para enfrentar a dor, além de buscar propósito no que faz.
“O mundo é um mundo de incertezas. Você acredita que tem o controle das situações mas num intervalo de 24 horas tudo pode mudar, como mudou comigo, como mudou com muita gente com a qual eu trabalho. Quero ser forte por eles.”
Ela fala em diversos momentos: “Seja corajoso para andar em meio a incertezas.”
E continua o que descrevo abaixo:
Enxergue que somos parte de um gigante ecossistema. A indústria da propaganda será uma indústria de 230 bilhões em 2023. Isso sempre me encoraja a seguir em frente. Nós não só movimentamos o mercado, nós movimentamos os cérebros das pessoas.
O motivo pelo qual lançamos a hashtag #WomenNotObjects era porque a objetificação da mulher precisava parar, pois estava causando danos. Danos às crianças, danos às mulheres, danos aos homens e a forma como eles olham para as mulheres. A base número um para isso foi a empatia.
Hoje, todos os júris tem uma regra onde trabalhos que objetificam homens ou mulheres não ganham prêmios. E a base para esse julgamento é a empatia: “E se fosse minha mãe? E se fosse meu pai? E se fosse minha filha, ou meu filho?
Fique viciado na curiosidade: a droga de entrada para a criatividade
Greg Orme é próximo destaque. Autor de “The Human Edge: How Curiosity and Creativity Are Your Superpowers in the Digital Economy”; que traduzido seria: “A Vantagem Humana. Como a Curiosidade e a Criatividade São Seus Superpoderes na Economia Digital”. Ainda sem versão em português, o livro foi eleito como o livro de negócios do ano de 2020.
Ele trouxe uma palestra falando sobre 5 hábitos comprovados que fazem sua criatividade crescer. E aí vão eles:
1) Destrua sua câmara do eco.
As informações que você recebe são editadas, são apropriadas e levadas por algoritmos que te entregam aquilo que você acredita e concorda. Você não recebe novas informações, mas ecos de suas próprias crenças, chamado de viés cognitivo e viés de confirmação. Nas redes sociais você acaba dentro de uma câmara onde ouve a própria voz voltando para você. E essa câmara você precisa aprender a destruir.
2) Ligue seus radares
Alan Kay diz que “A mudança de perspectiva vale 80 pontos no QI.” Vemos as coisas, não como elas são, mas como nós somos”.
Quando encontrar alguma coisa online se pergunte: Isso é de uma pessoa ou instituição dependente ou independente? Existe alguma maneira de eu cruzar essa informação com a de outra fonte? Fique com os radares ligados em novas informações, de outras fontes, para construir um pensamento crítico mais holístico, menos moldado pela sua própria visão e crenças.
3) Ache tempo para desaprender, para então reaprender
O Fórum Econômico Mundial diz que a cada 4 anos, 40% da base de nosso conhecimento precisa ser descartada e substituída por algo novo.
A primeira coisa para você conseguir desenvolver um bom aprendizado é conseguir achar tempo longe das distrações. Os celulares estão sempre nos interrompendo, em distrações constantes. Sem própria administração um smartphone pode te destruir, mais do que te ajudar.
E a segunda coisa a conseguir é aprender a desaprender, largar os velhos hábitos e velhas crenças, perseguir sempre coisas novas, mudanças em nossa própria forma de trabalhar. Isso é reaprender.
4) Seja um explorador de conhecimento
Um Novo conhecimento em uma nova área alimenta seu cérebro e criatividade. Quando você busca novos aprendizados como desenhar, cozinhar, pintar, editar vídeos, marcenaria, tricô, matemática… qualquer coisa nova que você adiciona ao seu cérebro mantém sua curiosidade sempre em alta. E quando a curva da curiosidade por aquele aprendizado novo começa a cair, vá atrás de outra coisa nova: música, animais, coleções, carros… qualquer coisa que você tenha interesse em aprender.
5) Faça perguntas melhores
Pare de tentar dar todas as respostas, tente fazer melhores perguntas. Não foque em perguntas fechadas do estilo sim ou não. Elas são perguntas que se limitam as fatos e não conseguem te levar a nada novo. As grandes perguntas são perguntas abertas: “Por que fazemos assim?”. “Por que não tentamos de outra maneira?”. “Por que não?”.
Como motivar seu trabalho criativo.
O próximo palestrante que eu destaco é Todd Henry. Autor do livro “The Motivation Code” os insights mais interessantes de sua fala foram:
1) O trabalho de excelência é aquele que mistura habilidades + experiência + motivação.
Mas, o que significa ser motivado?
Ser motivado significa que você dedica energia conscientemente e livremente em seu trabalho. Não é algo mecânico, é algo proposital, que você faz sabendo e buscando alcançar algo que ainda não alcançou. Significa que você vai ficar um pouco mais tempo fazendo aquele trabalho, vai se dedicar mais, se colocar mais emocionalmente para resolver aquele problema.
2) Motivação pode ser externa ou interna. Mas é a interna que muda tudo.
O jeito como você responde ao ambiente externo é diferente do jeito como eu respondo ao ambiente externo, por causa da motivação interna. Aquilo que me movo é diferente daquilo que te move, e por isso percebemos as coisas e reagimos às coisas de maneiras diferentes. O verdadeiro motivado não depende de “aplausos” ou “plateia” para incentivar o bom trabalho.
E finalmente alguns “Lions Data”: dados e fatos do Cannes Lions.
Apresentado por Susie Walker, Head of Awards do Lions, claro que o festival não poderia deixar de vender seu peixe.
Se por um lado o Cannes Lions é um festival “da propaganda”, por outro ele é tanto um termômetro de tendências, como sinaliza novos horizontes.
Os gráficos e insights mostrados giraram neste primeiro dia todos em torno de como os negócios e até mesmo marcas locais estão valorizando as comunidades locais, celebrando suas diferenças culturais, suas peculiaridades. Foram alguns dados compartilhados sobre preferências das pessoas, mas que poode ser muito bem resumido neste aqui de baixo:
Os dados, tendências e sugestões que eles oferecem para quem quer inscrever seus trabalhos são:
1) Amplifique o orgulho do local. Mostre como seu produto ou serviço enaltece as características de seu próprio povo.
2) Aplique uma lente Hiper-Local. Dê enfoque bem específico, nada de generalizações. Explore casos de como a cultura local é bem peculiar.
3) A comunidade local deve estar no centro da estratégia. Não só no discurso e na propaganda, mas na distribuição, relacionamento, ações e atitudes.
4) Desafie o status quo. Seja corajoso para questionar, para dizer a verdade, para mostrar o que a coisa realmente é. Para contar histórias verdadeiras, autênticas.
Por hoje é só pessoal (bordão do Looney Tunes).
Já já temos o segundo dia de LIONS LIVE.
Estaremos aqui acompanhando e compartilhando os principais insights desse evento para você que não teve tempo de acompanhar online.
Algum insight desses te inspirou de alguma forma?
Use o espaço dos comentários pra enriquecer esse post com sua visão para nossa comunidade. 😉
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“Destrua sua câmara do eco” Essa é a mais importante mas a mais difícil de ver acontecendo. Postão Thiago, muito bom o resumo