O festival cancelado de 2020 esperava voltar com força total em 2021. Mas, como a França entra em seu terceiro bloqueio nacional para evitar uma maior disseminação da Covid, o planejamento de Cannes voltou a ficar atolado em incertezas.
O que o pessoal quer saber mesmo é: vai rolar? Se for rolar, onde será? Será presencial? Será totalmente virtual? Será híbrido?
Em janeiro, a Ascential, proprietária do festival, disse que seguiria em frente, estando bem otimista de que seria um evento presencial. Na época, o presidente do Lions, Philip Thomas, comentou que “embora as viagens sejam atualmente restritas, a disponibilidade de várias vacinas oferece esperança de que possamos estar juntos em junho, mesmo se precisarmos limitar o número de delegados que possam comparecer com segurança. Ele continuou: “Continuaremos monitorando cuidadosamente a situação e manteremos nossas comunicações regulares com as autoridades na França, mas há muitos outros grandes eventos internacionais planejados para o mesmo cronograma e é claro que todos estão muito ansiosos para voltarem a ficar juntos.
Desde então não anunciaram mais nada, e parecem que os planos de hospedar o festival em Cannes na França parecem estar mudando.
Cannes Lions em Londres e Nova York?
A MediaLink, empresa também adquirida pela Ascential, confirmou que irá realocar seu MediaLink Beach (evento associado ao festival de Cannes) para Londres e Nova York de forma híbrida. A aposta nesta abordagem híbrida oferece maior flexibilidade para se adaptar e ajustar o volume de atendimento presencial de acordo com as incertezas da situação. Mas ainda não comunicaram nada oficial sobre como isso aconteceria.
Michael Kassan, presidente e CEO do MediaLink, disse que o objetivo era hospedar o máximo de eventos presenciais que a segurança permitir, sendo que o virtual seria um elemento importante para toda a programação. Ele acredita que atualmente há uma grande demanda reprimida por eventos presenciais e que na terceira semana de junho os esforços de vacinação pública deveriam ter progredido an ponto de permitir encontros seguros.
Ainda são apenas especulações. Mas se o governo da França não autorizar o evento lá, há uma chance dos encontros presenciais acontecerem em cidades como Londres e Nova York, com transmissões online e participações virtuais.
E se Cannes não rolar?
O custo para a Ascential perder um ano no festival de publicidade francês foi alto, de acordo com seus resultados financeiros divulgados em março.
Em seu relatório anual aos acionistas mostrou um mostra uma queda de 59% da receita de Marketing (página 10 do relatório).
O Lions Live, que rolou de 22 a 26 de junho de 2020, atraiu mais de 80.000 participantes, mas não fez a diferença necessária. As principais fontes de receita da Ascential vieram do Digital Commerce (que cresceram 25% – página 8), The Work e suas atividades de Consultoria Criativa.
Como os prêmios não ocorreram no ano passado, os troféus deste ano estão planejados para celebrar um período de dois anos de março de 2019 a abril de 2021 e serão julgados de maneira totalmente digital com júris sendo conduzidos virtualmente, uma estratégia que foi testada durante o festival Eurobest, assim como os Spikes Asia e Dubai Lynx.
“Continuamos convencidos de que o engajamento “cara a cara” tem um apelo único, especialmente para os principais eventos globais, como o Cannes Lions,” declarou o relatório de resultados financeiros. “Estamos muito ansiosos para dar as boas-vindas à comunidade criativa de volta à plataforma em junho, onde planejamos entregar um evento híbrido moderno, combinando um alcance virtual amplo e global, incluindo prêmios totalmente digitais, com participação presencial, se possível.”
Nós do Update or Die estamos acompanhando as novidades sobre o festival de Cannes e compartilharemos com você aqui.
E como palavra do autor digo que sinto bastante nostalgia dos tempos de ouro de Cannes, quando só o que se falava na publicidade era sobre o festival, as peças, as campanhas, a efervescência da criatividade que rodava lá. Hoje o festival tem perdido sua relevância e nem é por conta da pandemia, penso eu. Mas porque tudo tem se diluído nessa era midiática que vivemos. Quanto todo mundo é mídia de si mesmo, os referenciais de criatividade agora estão cada vez mais esparsos e ramificados. Talvez por isso mesmo o papel da curadoria seja cada vez mais importante.