Como garantir uma abordagem popular e inovadora para uma marca de alto luxo sem ir contra seus valores (de branding e dos caríssimos produtos)? Certamente há mais de uma forma, apesar de ser um belo desafio. Mas este ano, a barra certamente sobe com o case da Balenciaga na Semana de Moda de Paris.
Em vez das clássicas modelos no tapete vermelho num momento ainda “quase-pós-pandemia”, a grife conseguiu, numa tacada só, unir o lúdico, o humor, a pertinência e a tão falada cocriação para invadir o universo de um dos maiores ícones globais do entretenimento com sua nova coleção. Assim, todo o esforço de apresentação dos lançamentos da Balenciaga se tornou história de um capítulo exclusivo de “Os Simpsons”!.
Na trama de 10 minutos, Homer percebe na última hora que chegou o aniversário de sua esposa Marge. Desesperado, ele lembra do interesse dela pela marca e envia uma carta à empresa pedindo “qualquer coisa que tenha a assinatura deles”. Recebe de volta um vestido assinado pelo estilista e diretor criativo da marca, Demna Gvasalia, junto à fatura de US$ 19 mil. Marge aproveita uma noite do vestido, mas o devolve com uma carta dizendo que amou, mas não tem condições de ficar com a peça. A partir daí, a equipe se envolve com Sprinfgield profundamente, levando todos da cidade para representar a Balenciaga em Paris com roupas sob medida.
Segundo Gvasalia em entrevista à Vogue, foi dele mesmo a ideia de tentar falar com os produtores dos Simpsons e desenvolver a ideia, sem acreditar que ela poderia ir para a frente. Para sua surpresa, o prórprio criador dos personagens, Matt Groening, se envolveu diretamente na criação, gerando a peça especial – que teve até a famosa editora de moda Anna Wintour entre as personagens.
Numa tacada só, um belíssimo branded content, um ótimo exemplo de cocriação, uma forma inovadora de ganhar destaque numa das mais concorridas semanas de moda do mundo e um trabalho que foge dos padrões da sua própria indústria, ganhando o mundo por sua repercussão. Isso sim poderia virar moda… :)