É POR ISSO QUE SE ESFORÇAM TANTO
“Muitas pessoas criativas bem-sucedidas secretamente temem que os outros vão descobrir que elas não são tão boas ou capazes. Acham que a polícia do talento pode chegar e prendê-las a qualquer momento. Elas se dão pouco crédito pelo próprio sucesso e o atribuem à sorte. É por isso que se esforçam tanto. Esse é o tipo de atitude de que elas precisam para alcançar grandes feitos. A dúvida sobre si mesmas as tornam diligentes. Sem essa dúvida, elas não continuariam lutando para atingir padrões mais altos. O medo do fracasso é um grande motivador e mantém o ego criativo em xeque.”
Rod Judkins
Existe uma linha tênue entre ter medo de ser uma farsa e realmente ser uma.
Durante o meu bate-papo com o Victor Mirshawka Jr., muitas ideias pousaram em minha mente. O tema do podcast era Habilidades para o futuro, e do primeiro minuto até a hora em que nos despedimos fiquei pensando em como todos nós, sem exceção, temos muito medo de sermos autênticos e fazer aquilo que desejamos.
Todas as habilidades propostas pelo Fórum Econômico Mundial como essenciais para o mercado de trabalho até 2025, estão intrinsecamente ligadas à criatividade humana. De muitas formas, e, independente da área em que trabalhamos, somos obrigados a ir muito além de todas as possibilidades que imaginamos ter. Mas, como?
Como disse Rod Judkins, sem essa dúvida, elas não continuariam lutando para atingir padrões mais altos. As ideias têm pressa e elas estão o tempo todo a nos instigar para ir um pouco mais adiante. Nem todos conseguem ou podem ou têm coragem de dar ouvidos a uma ideia que escolheu pousar em sua mente.
Para Elizabeth Gilbert, as ideias vêm e vão, em busca de pessoas corajosas. Uma ideia grandiosa pousa sobre nossos ombros e começa a destilar sua doce canção, enquanto pensamos em todas as consequências. Caso eu não lhe dê o alimento necessário, voará ao longe em busca de um outro ombro.
Ideias se alimentam de coragem, e de muita curiosidade. Ideias são ávidas por dar à luz a novas ideias. Mas, se não forem fecundadas e alimentadas morrem em pleno voo.
A ideia de Judkins sobre o medo do fracasso que nos motiva e mantém o ego criativo em xeque é muito perigosa.
A maioria de nós prefere se esconder ou espantar qualquer ideia maluca que ousa soprar coisas estranhas em nossos ouvidos. “A dúvida sobre si mesmas as torna diligentes”, diz Rod. Essa dúvida, sim, deveria nos manter ativamente aprendendo sobre o mundo e, principalmente, sobre nós mesmos.
Dentro de nossos inconscientes existe um celeiro abarrotado de sementes sensoriais. Alimento adorado por ideias aladas. Basta uma chance e elas fazem seus ninhos em nossas mentes.
Somos todos professores, e a educação que oferecemos faz sentido por causa da nossa trajetória. Máquinas até podem ensinar alguma coisa, mas talvez nunca vão nos inspirar de verdade. Para isso é preciso uma história de vida real, e máquinas ainda não têm essa capacidade.
Dê uma chance à sua criatividade. Aquela que segue adormecida dentro de você. Acredite que você pode e deve ser muito melhor do que é. Não apenas para criar coisas físicas, mas para mudar e transformar o seu próprio jeito de se perceber. Abrace a sua própria história e faça a diferença no mundo.
A beleza da criatividade não está em sua capacidade de nos fazer inventar coisas, mas em seu poder de reinventar, modificar, emancipar e empoderar pessoas.
As ideias têm pressa, mas uma mente com as prioridades em ordem tem todo o tempo do mundo para ser o que quiser, enquanto o seu inconsciente se diverte distribuindo sementes que podem mudar o futuro.
Não tenha medo do fracasso. Tenha fé na aventura que é se reinventar enquanto aprende a dividir suas experiências de aprendizado com o máximo de pessoas.
“Ser humano” é uma premissa existencial que já vem com um verbo embutido.
Existir é estar em movimento. Por isso, as ideias têm tanta pressa. Afinal, não há barreiras para quem já nasce com asas.