O que sentimos e não podemos explicar

Quem é mais sensível: você, o seu Iphone ou o seu carro?
O que sentimos e não podemos explicar O que sentimos e não podemos explicar

Todas as terminações nervosas no corpo humano são sensores, capazes de enviar informações para o SNC, ou seja, Sistema Nervoso Central e permitir ao cérebro tomar decisões.

Para você ter uma ideia, o nosso sentido de olfato é capaz de perceber cerca de 10 mil odores diferentes. E nossa audição, em geral, pode perceber frequências de 20Hz a 20.000Hz.

Mais que isso, nossos olhos são capazes de enxergar até 1 milhão de cores diferentes.

Você vai sentir na pele. O maior órgão do nosso corpo é essa coisa que cobre todo o nosso organismo. Percebemos a textura e a temperatura do mundo externo através dessa obra-prima da natureza.

Além dos 4 sabores mais comuns percebidos pelo paladar, existe o que a ciência chama de Umami.

O Umami é um dos cinco gostos básicos do paladar humano, como o ácido, doce, amargo e salgado, e é uma palavra de origem japonesa, que significa “gosto saboroso e agradável”.

Essa escrita, em particular, foi escolhida a partir da palavra umai “delicioso” e mi “gosto”.

O Umami foi descoberto pelo professor Kikunae Ikeda e divulgado para a comunidade em 25 de julho de 1908. Foi reconhecido oficialmente pela comunidade científica nos anos 2000, após identificarem receptores específicos (mGluR4) para o aminoácido glutamato (principal representante do gosto umami) na língua humana.

Achou que eram apenas 5 sentidos? Achou errado…

Existe também o Sistema Vestibular, que controla a percepção de nosso corpo em relação à gravidade, sobre movimento e equilíbrio. Ele mede a aceleração, a força-G, os movimentos do corpo e a posição da nossa cabeça.

Na prática, ele te ajuda saber que se move quando está em um elevador, se está deitado ou em pé, e ser capaz de caminhar ao longo de um travessão de equilíbrio.

E tem ainda o Sistema de Propriocepção.

A Propriocepção é o sentido da posição relativa de partes vizinhas do corpo, bem como a intensidade do esforço a ser usado. Assim, você sabe exatamente onde as partes de seu corpo estão, sua posição no espaço e pode planejar seus movimentos.

Para se ter uma noção de toda a estrutura que sustenta e equilibra o corpo humano, os pés possuem 26 ossos, 20 músculos, 27 articulações, 114 ligamentos e 70 mil terminações nervosas.

Sim, você leu certo, são 70 mil terminações nervosas só nos pés.

Hoje, os carros modernos possuem a incrível marca de 100 sensores. Isso os tornam máquinas sofisticadas, capazes de informar variações mínimas nas mais diversas situações.

Feliz ou infelizmente, isso não faz de um carro ou qualquer outra máquina com tantos sensores algo que se possa chamar de criativo.

As máquinas ainda terão de evoluir muito para chegar “aos nossos pés”, literalmente.

Nossos corpos são dotados de mecanismos capazes de perceber uma infinidade de acontecimentos externos e internos. A quantidade de estímulos que recebemos diariamente é praticamente infinita.

Não interessa se você é um contador ou uma atleta. Um alpinista ou um gerente de vendas. Uma pianista ou um piloto da força aérea. Um agricultor ou um escultor. Somos todos um tipo de gravador biológico, repletos de sensores, capazes de perceber e sentir quase tudo ao nosso redor.

Imagine as possibilidades!

Some seu repertório atual a tudo o que pode aprender se começar a usar seus sentidos de maneira mais dedicada, prestando atenção aos detalhes mais finos no que ouve, vê, degusta, percebe e sente.

Não importa se um de seus sentidos estiver prejudicado. Seu cérebro sempre acha uma forma de canalizar todos os estímulos por rotas alternativas, a fim de compensar uma possível falha.

Nossos corpos são uma bela prova de que existe uma força poderosa na natureza, que se dedicou imensamente para criar algo perto do indescritível.

Entretanto, não basta apenas saber que possuímos algo tão espetacular assim pré-instalado em nosso hardware. Temos que escrever e reescrever o código emocional que vai operar esse sistema.

É preciso sensibilidade para experimentar a vida com plenitude.

E não me entenda mal. Estimular a sensibilidade vem de treinar os sentidos.

Uma tela sensível ao toque é aquela que percebe exatamente o que você quis dizer quando a tocou e abre o aplicativo desejado ou executa a ação que você quer.

Sensibilizar um ser humano passa pela experimentação.

Escrever o código que vai orientar seus sentidos e garantir que você vai tomar as melhores decisões passa pelo desafio de tocar o mundo, experimentar o que existe disponível ao se redor.

Educar os sentidos é a arte de conhecer suas emoções. Como domar um cavalo selvagem.

Foi isso que permitiu que nossos parentes distantes ocupassem o planeta Terra.

Sem a capacidade de ampliar nossos sentidos e aprender com nossas experiências, e passar essas informações para as gerações seguintes, já seríamos uma raça extinta.

A criatividade humana depende do quanto aprendemos.

E nosso aprendizado é muito mais rico na diversidade das experiências que vivemos e o quanto dividimos isso com as pessoas que convivem com a gente.

A quantidade de sensores disponíveis em nossos corpos é imensa, e isso pode nos ajudar a perceber toda a riqueza que existe no universo.

Ignorar isso seria desprezar a obra de uma natureza que trabalhou bilhões de anos para nos entregar algo tão lindo e único.

A minha e a sua capacidade criativa dependem de como usamos nossos sentidos e como colaboramos uns com os outros para seguir em frente.

Pessoas sensíveis não são apenas aquelas sem medo de demonstrar seus sentimentos, chorando diante de obras de arte e eventos marcantes.

Na verdade, pessoas sensíveis são aquelas que sentem alegria em perceber que fazem parte de algo muito maior, na infinidade do universo.

Com humildade usam seus sentidos para explorar a sua própria ignorância, a fim de chegar o mais perto que puderem de seus limites. Para provar que, na realidade, talvez eles não existam.

Ainda não temos máquinas com essa capacidade. Podemos programá-las, mas ainda lhes faltam muitos sensores, sentidos, emoções e a capacidade de chorar diante de uma obra de arte ou do nascimento de uma criança.

Enquanto isso, enxugamos nossas lágrimas, depois de aprender algo novo e comovente, para seguir em frente rumo ao desconhecido.

Porque para nós, seres humanos, é impossível resistir àquilo que sentimos e não podemos explicar.

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