Celebridades fazem propaganda de produtos falsos

Em suas contas no Instagram, Sabrina Sato, Bruna Gomes e outras influenciadoras fazem publi de sabonetes que prometem curar agonia, solidão e até a tristeza – mas que não existem.
Celebridades fazem propaganda de produtos falsos Celebridades fazem propaganda de produtos falsos

Em tempos difíceis, pessoas se tornam ainda mais vulneráveis à promessas milagrosas e
produtos com soluções mirabolantes. Pensando nisso, a ONG CVV (Centro de Valorização da
Vida) lança, no dia mundial de prevenção do suicídio (10 de setembro), uma linha de
produtos impossíveis: sabonetes de lichia para a agonia, de mamão para a solidão e de
framboesa para a tristeza.

Celebridades fazem propaganda de produtos falsos

O lançamento é fictício e busca chamar atenção para um problema sério cuja solução não é
simples: os crescentes casos de depressão e suicídio no Brasil e no mundo. A ação é fruto da
campanha “#AntiPubli” e conta com dezenas de influenciadoras como Bruna Gomes, Ana
Maria Braga, Evaristo Costa, Thaila Ayala e Mariana Goldfarb.

Celebridades fazem propaganda de produtos falsos

O objetivo da ação é ganhar a atenção das pessoas por meio de grandes perfis da internet
que lançarão a publi deste produto que promete uma solução instantânea e inexistente.
Uma vez com a atenção da audiência, a ONG reforça que o produto não existe, assim como
não existe solução fácil para saúde mental. A mensagem da ONG fortalece a importância de
acompanhamento profissional, da conversa e da escuta ativa para a prevenção do suicídio.

Sabrina Sato é uma das celebridades que apoia as iniciativas digitais do coletivo há quatro
anos. Para ela, o papel dos influenciadores e celebridades é de muita responsabilidade:
“Sempre presto atenção nas marcas que me envolvo, sei da responsabilidade que temos e
do alcance que detemos. Apoiar o CVV lançando um produto que não existe é arriscado, mas necessário para passar o recado de que precisamos nos apoiar e cuidar mais uns dos outros”.

Celebridades fazem propaganda de produtos falsos

É importante ter muito cuidado com aquilo que a vida digital vende como real: seja um
produto com promessas falsas ou um estilo de vida perfeito – ambos são inexistentes e,
portanto, inalcançáveis.

Ação é fruto do trabalho de coletivo de voluntários

Há 4 anos, um coletivo de publicitários e jornalistas voluntários idealizam as campanhas de
setembro amarelo do CVV, já somando resultados incríveis para a ONG.

De acordo com o idealizador da campanha, Eduardo Cabral (WMcCann), a grande sacada é
conseguir atrair a atenção das pessoas com algo absurdo – embora verossímil – para, então,
passar a verdadeira mensagem. “A proposta da campanha é oferecer o que as pessoas têm
buscado em tempos tão obscuros: uma fórmula para a felicidade; estamos mais vulneráveis
e sobrecarregados e precisamos falar sobre isso. Criamos um produto comum, com uma
promessa absurda para poder falar sobre a solução real: acompanhamento profissional e
muita escuta ativa”, conclui.

Segundo João Victor Lovise (BFerraz), criativo do coletivo, lançar um produto que tenha a
estética deste conforto que as pessoas buscam não foi por acaso: “a ideia é realmente de
pertencer e ao mesmo tempo criticar parte deste universo que prega uma falsa
saudabilidade a troco de qualquer coisa”, diz.

Para Giovanni Pavan (BFerraz), que também atua nas campanhas do coletivo, o mais
desafiador é tornar uma mensagem tão óbvia e ao mesmo tempo negligenciada em algo
contemporâneo e legítimo: “as pessoas esquecem valores e vivem em nome de feed, filtros
e algoritmos, um prato cheio para publis de coisas que não vão ajudar em nada um processo
tão delicado como este”, conclui.

Para Caroline Cabral, jornalista, gerente de RH e voluntária do coletivo, pessoas e empresas
parecem dispostas a investir em soluções superficiais para problemas profundos e
complexos. “Por que nossos colaboradores adoecem? Por que nossas pessoas adoecem? A
solução para essa dura realidade não está em sabonetes e skincare, mas em rever a
estrutura de trabalho e de organização da sociedade que leva nossa gente ao esgotamento
mental”, diz, “a responsabilidade para mudar essa realidade é de todos nós”, conclui.
No mundo, uma pessoa comete suicídio a cada 40 segundos. No Brasil, uma pessoa tira a
própria vida a cada 45 minutos. Em 2020, o CVV recebeu mais de 3 milhões de ligações de pessoas em vulnerabilidade emocional. Quando comparado a 2019, o número é 5% maior
em 2020.

Ficha técnica dos voluntários 2022 / #AntiPubli

Concepção & Produção: Eduardo Cabral, João Victor Lovise e Giovanni Pavan
PR: Caroline Cabral e Silvia Rossetto
Apoio: Talita Mendonça, Bruno Simões, Camila Camargo e Larissa Catão
Parceiros: PLAY9
Abaixo, reunimos informações complementares para sua matéria.
Conheça as campanhas de 2019 e 2020
➔ 2019
➔ 2020
➔ 2021

Como se tornar um voluntário do CVV?
➔ Pessoas precisam de pessoas e o CVV está aberto para quem deseja oferecer uma
conversa empática, sem críticas e julgamentos. Para ser voluntário, basta fazer a
inscrição no site: cvv.org.br. É necessário participar de um curso gratuito
preparatório para os atendimentos. Os pré-requisitos são: ter 18 anos ou mais e
vontade de realizar um trabalho voluntário.
Sobre depressão, transtornos mentais e outras causas do suicídio
➔ 90% dos casos de suicídio podem ser prevenidos se pudermos falar sobre;
➔ Segundo dados do IBOPE, o suicídio ao redor do mundo está em queda, mas o Brasil
surge na contramão do movimento global. De acordo com levantamento feito em
2019, o suicídio cresce no País, principalmente entre jovens. Hoje, um brasileiro
comete suicídio a cada 45 minutos. Ao ano, em média, 11 mil pessoas tiram a vida no
País;
➔ De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), jovens entre 15 e 24 anos
compõem o maior grupo de risco de suicídio, sendo a segunda causa morte de
jovens ao redor do mundo. O relatório aponta também que é crescente o risco entre
crianças de 5 e 9 anos;
➔ Também de acordo com a OMS, a depressão é a principal causa do suicídio no
mundo, seguido pelo uso de álcool e drogas;
➔ As redes sociais compõem um dos ambientes mais favoráveis para o
desenvolvimento de gatilhos para a depressão. De acordo com o estudo da Royal
Society for Public Health, cerca de 70% dos jovens revelaram que aplicativos de
redes sociais fez com que eles se sentissem pior;
Saúde mental & isolamento social

➔ De acordo com um estudo feito pela consultoria Eureca – The Truth – 70% dos jovens
brasileiro tiveram piora na saúde mental por causa do isolamento social;
➔ Uma pesquisa da Associação Brasileira de Psiquiatria mostra que 89,2% dos
profissionais entrevistados destacaram agravamento de quadros psiquiátricos nos
pacientes devido a Pandemia;
➔ O aumento de pacientes novos, que nunca haviam apresentado sintomas
psiquiátricos, foi relatado por 67,8% dos psiquiatras.

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