Uma mina preta jogando luz no rolê publicitário

Uma mina preta jogando luz no rolê publicitário Uma mina preta jogando luz no rolê publicitário

A gestão de Joana Mendes à frente do Clube de Criação deixa marcas importantes para a publicidade nacional.

Me vi começando o texto escrevendo sobre o Festival do Clube de Criação, no entanto me pego desconectada das palavras. Até que meus pensamentos me levaram pra Joana, que eu conheço de passagem. E, tudo bem, porque me interessam as conexões humanas. E dá pra sentir que a Joana é da galera.

Eu não sou próxima da Joana Mendes, ainda, não sei se serei um dia, mas as duas vezes que a encontrei, deu vontade de sentar e falar horas sobre assuntos aleatórios. Joana é dessas que te segura nos braços enquanto fala com você, que te olha no olho, mesmo sem te conhecer.

Nosso primeiro encontro foi no Hacktown, em setembro deste ano. Lá, numa palestra, ela contou sobre as alegrias e as agruras de ser presidente do Clube de Criação, entidade sem fins lucrativos fundada nos idos de 1975 por publicitários que queriam fomentar a criatividade e a propaganda brasileira.

Durante sua palestra, uma das imagens que me chamou a atenção foi a foto da diretoria da época, uns 7 a 8 homens, todos brancos. A foto seguinte foi da diretoria atual, formada por mulheres e homens pretos. É a primeira vez que a diretoria da entidade é formada por uma galera preta.

Meu segundo encontro foi no último fim de semana, durante o Festival do Clube de Criação. Joana me perguntou se eu estava gostando do evento.

Se eu gostei, Joana?

O festival cresceu. O público era colorido, nos looks, nos cabelos e nos tons de pele. Foi lindo de ver tantos pretos e pretas circulando pelo entorno do Memorial da América Latina. Indígenas também passaram por lá. Não só nos corredores, mas pelas salas e auditórios onde aconteciam as conversas e as palestras.

Desde que uma amiga, Janaina Gomes, me falou, uns 6 ou 7 anos atrás, no foyer de um teatro “sou a única preta aqui”, eu me pego observando por onde vou e no número de pessoas não brancas no meu entorno.  

As mulheres também estavam em maior quantidade desta vez e isso também me tocou, afinal, a discussão sobre os times criativos ainda serem majoritariamente masculinos ainda é latente.

Eu quero fazer mais um texto sobre o festival. Mas hoje deixo meu axé pra Joana e pra turma da Chapa Preta. O festival, que já era meu evento do coração, ficou ainda mais lindo com a chegada de vocês.

Meu abraço, Luli Liebert.


 

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