A situação geopolítica atual, com guerra na Ucrânia, sanções comerciais entre Estados Unidos e China, falta de produtos e suprimentos, pode criar um cenário de oportunidades interessantes para o Brasil. Momentos como o que estamos acompanhando no mundo implicam em grandes mudanças. E é preciso estar atento aos resultados delas e como podem implicar para nós.
Sublinho que falo de oportunidades, não de oportunismo. Podemos estar, juntamente com a Índia e outros países, entrando em uma onda positiva a partir dessa nova crise internacional.
No entanto, para aproveitar essa possibilidade, o Brasil tem que se organizar para reverter erros estratégicos do passado e melhorar sua posição para o futuro. O país é, hoje, a 13ª economia do mundo, mas quando se fala de “percepção de marca de país”, está apenas na 57ª posição, segundo levantamento da Interbrand.
Ou seja, a percepção de valor de marca que o Brasil tem globalmente está muito pior do que a nossa posição econômica. É preciso que exista uma ação integrada, estratégica, para reposicionar o Brasil, criando novas oportunidades reais para os produtos e serviços brasileiros, para gerar riqueza em uma nova escala.
Ir além das commodities, onde já estamos bem posicionados e não há muito espaço para crescer, mas, sim, da indústria, da tecnologia da informação, de produtos com marcas brasileiras globais e serviços de qualidade mundial realizados a partir daqui.
Hoje, infelizmente, temos poucas marcas globais e os raros casos de sucesso comprovam a regra: as marcas brasileiras ainda não estão pensando seriamente a nível de mundo. O que torna a nossa presença lá fora quase nula. Isso precisa mudar, e, rápido!
A nova globalização, ou seja: um novo arranjo de cadeias produtivas que dá muito menos ênfase à China, vai significar uma busca por novos parceiros comerciais e a oportunidade de criar novas marcas globais para atender a demanda.
Mas não adianta só vender o seu atual produto em um novo mercado. Como diz a Matriz de Ansoff, “precisamos oferecer novos produtos para novos mercados”, e isso significa investir em inovação e aproveitar a convergência de novas tecnologias como inteligência artificial, robótica, genética e nanotecnologia, para criar produtos realmente inovadores.
O ano de 2023 pode ser o início de uma nova onda de prosperidade para o Brasil, independente do cenário político interno. A janela de oportunidade se apresentará globalmente, mas apenas para alguns países. Quem aproveitar, vai ter muito a ganhar.