Em 2006 eu escrevi um dos posts mais lidos e comentados do Update or Die, chamado “Socorro, não consigo mais ler livros”. Eu falava como a leitura fragmentada do dia-a-dia tinha tirado a minha capacidade de concentração em textos mais longos. Simplesmente não conseguia mais ler livro nenhum (melhorei um pouco, mas ainda é um problema).
Hoje, em 2023, repito o pedido de socorro, mas desta vez com a escrita. Sim, eu sei que parece exagerado – e por enquanto é mesmo.
Mas pode acreditar: vai acontecer. E vai ser rápido.
A premissa é simples, clara e direta:
Vamos DESAPRENDER a escrever.
Funciona mais ou menos assim:
- você passa um texto para o chatGPT
- ele faz e faz direitinho. Talvez melhor do que direitinho. Danado esse GPT.
- você começa usá-lo em diversas situações: trabalhos de escola, emails, planejamentos, orçamentos, artigos, posts nas redes sociais, etc. Fica tudo tão arrumadinho, organizado. E até com umas ideias novas.
- Um belo dia você entra lá e ele não está disponível por algum motivo (geralmente excesso de acessos simultâneos)
- Aí você começa a se coçar e passa por aquela experiência aflitiva de quando perde ou esquece o celular em casa: uma sensação de estar “pelado”, faltando algo ESSENCIAL para você seguir com a sua rotina. Trava.
- oh-ho.
Isso sempre acontece com qualquer tecnologia que passa a fazer algo por você. É uma espécie de atrofiamento por falta de uso, como acontece com nossos músculos. Só que é na parte cognitiva.
Seu cérebro entende que o problema “X” está sendo resolvido de alguma outra forma e vai diminuindo sua participação no processo, priorizando outros afazeres.
Pensa no Waze. Antes nossa capacidade de localização era melhor do que a que temos hoje. Os mais velhos conseguem perceber mais, porque têm a realidade anterior para comparar. Os mais jovens provavelmente nem imaginam qual seria a vantagem de se localizar “sozinho”, já que existe o Waze. É um bom ponto. Desde que ele esteja disponível. Ou seja, cria-se uma relação de dependência.
Eu costumo brincar dizendo que se sofrermos um blecaute mundial, no terceiro dia estaremos todos inertes sem saber arrumar nada e sem saber o que fazer. Quem sabia já morreu e fomos poupados de precisar arrumar coisas. Funciona, até não estar mais disponível.
Importante eu deixar claro aqui que esse post não é necessariamente uma crítica do tipo “ah, antes era melhor”, o que seria no mínimo estranho para alguém que defende o “update or die”. Pode ser que sim, antes era melhor. Mas pode ser que não, antes era pior. O que é fato é que nosso envolvimento direto em processos criativos (não apenas na escrita) está mudando rapidamente. E, se ganhamos por um lado, precisamos estar cientes que também vamos perder e pagar um preço por isso.
Na música isso é visível há pelo menos 2 décadas já: as máquinas já fazem uma parte enorme de todo o processo de composição e performances vocais e de instrumentos. Os computadores são os instrumentos mais comuns sendo “tocados” hoje em dia.
É inevitável? Se pensarmos uma ou duas gerações para frente, eu diria que sim. Os processos criativos dos nossos netos serão BEM diferentes dos nossos. Mas por enquanto, podemos tentar um equilíbrio maior entre nós e as máquinas.
Neste post vamos explorar os riscos e perigos potenciais de terceirizar todos os seus escritos para um software de geração de textos como o ChatGPT.
Outras potenciais conseqüências negativas de delegar sua escrita ao ChatGPT
A terceirização de todos os seus escritos para o ChatGPT pode ter outras conseqüências negativas além da perda gradual da capacidade e habilidade da escrita. A primeira é a baixa qualidade do conteúdo. Como mencionado anteriormente, a ferramenta é apenas tão boa quanto o prompt do usuário, e se a entrada não for precisa ou específica o suficiente, provavelmente a saída também será.
A baixa qualidade pode aparecer na forma de erros ou de falta de criatividade e originalidade e estilo no texto. Quando você depende da IA para gerar conteúdo, você está sempre se limitando ao que a IA pode produzir, o que pode levar a uma falta de criatividade. Por outro lado, as limitações das máquinas também vão melhorando. E não se engane: terão “poesia” porque continuarão se alimentando de todos os seres humanos “poéticos” que já deixaram algum registro de seus escritos. Tdo esse repertório resultante da criatividade coletiva de todos os humanos, vivos ou mortos, que já escreveram… tudo isso vai pro liquidificador.
Exemplos de como o ChatGPT pode levar a uma escrita pobre
Um dos exemplos mais comuns de como o ChatGPT pode levar a uma escrita pobre é quando ele gera scripts ou artigos que são excessivamente genéricos. Isto pode acontecer quando a entrada do usuário é muito vaga ou quando a IA falha em capturar a intenção do usuário.
Outro exemplo de má escrita gerada pelo ChatGPT é quando ele gera conteúdo que é muito mecânico. Isto pode acontecer quando a entrada do usuário é muito específica e a IA falha em capturar a intenção do usuário.
Finalmente, o ChatGPT pode gerar conteúdo que é muito repetitivo. Isto pode acontecer quando a entrada do usuário é muito específica e a IA falha em capturar a intenção do usuário. A IA pode acabar gerando conteúdo que é muito semelhante à entrada do usuário.
Alternativas
Não usar? Continuar escrevendo tudo por conta própria? Não! Claro que não? O que você é? Um dinossauro? Vai deixar de usar uma ferramenta assim tão fantástica? Não é por aí. Mas você pode tentar fazer um uso melhor do que simplesmente delegar absolutamente qualquer textinho para os GPTs da vida. Senão logo logo você vai pedir pra ele escrever bilhetinho de geladeira.
Pessoalmente, apenas a título de exemplificação, tenho usado mais para ideation (para ter ideias, me inspirar) e para estruturação mais técnica de textos longos. Me ajuda a criar seções, a fazer SEO, a deixar a fluência do texto mais linear e fácil… esse tipo de coisa. Mas ainda não publiquei nenhum texto que seja 100% GPTizado. A redação final é minha, não apenas para tirar o estilo “Google translate”, mas porque eu não resisto a conversar com meus leitores. Gosto demais disso para deixar isso de lado.
Conclusão
ChatGPT é uma ferramenta poderosa que pode ajudar os criadores e escritores de conteúdo a economizar tempo e esforço. Entretanto, é importante estar ciente dos riscos e perigos potenciais da terceirização de todos os seus escritos para o ChatGPT. Conteúdo de má qualidade, falta de criatividade e originalidade e falta de compreensão do conteúdo podem ser riscos potenciais de confiar demais no ChatGPT.
É importante estar ciente destes riscos e ser capaz de identificar um roteiro pobre gerado pelo ChatGPT. Se você vai usar o ChatGPT, tome as medidas necessárias para garantir que o conteúdo gerado seja da mais alta qualidade.
E, mais importante, que contenha VOCÊ nessa receita.
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