Figura carimbada no SXSW, Scott Galloway, professor de Marketing da New York University e uma das referências globais quando se fala em tendências de comportamento, negócios e consumo, fez algumas aparições durante o Cannes Lions 2023. Uma delas, em seu ritmo frenético habitual, aconteceu na praia do WPP, maior grupo de comunicação do mundo, para profissionais de agências e de anunciantes.
Passando a jato em dezenas de slides, ele destacou alguns tópicos que estão “subestimados”, como o de serviços de saúde, e outros superestimados. Esse, inclusive, foi seu ponto alto: crítico costumas dos óculos de realidade virtual, ele foi ainda mais incisivo no discurso atual – claramente instigado pela novidade da Apple, que trouxe mais uma vez a ideia de metaverso e de um gadget diferentão e imersivo como wearable.
“Vamos assumir que a gente não quer headsets? Qualquer coisa que vá atentar contra nossa vida, que possa comer a gente, costuma atacar por trás ou pelas laterais. Além de causar náuseas e outras reações negativas, eles nos deixam naturalmente vulnerável. Não faz sentido”, destacou Galloway.
Além de atacar o preço inicial da novidade da Apple (US$ 3,5 mil, ou algo em torno de R$ 17 mil), com o qual você pode comprar um combo enorme de outros produtos da marca – como iPhone, iMac e fones de ouvido –, ele mais uma vez enfatizou que dificilmente uma empresa não nativa vai chegar em uma opção realmente funcional para esse tipo de produto e que, mesmo que ainda não saibamos qual, o headset não é o caminho. “A indústria dos games é a mais evoluída do mundo quando falamos em estruturas de metaversos e eles ainda não chegaram a uma solução decente para os headsets. Não é fácil”.
Entre os assuntos superestimados, outra crítica ferrenha e bem embasada foi em relação ao universo das criptomoedas. Em gráficos bem semelhantes, ele mostrou a corrida de interesse entre o metaverso e as moedas digitais, o hype assustador e a queda livre – que fez muita gente quebrar nesse meio tempo. “Vamos parar de falar sobre headsets e cripto, pelo amor de Deus!”, suplicou, divertindo a plateia.
Sobre a inteligência artificial, sua maior picuinha é em relação aos discursos terroristas de que ela dominará o mundo, acabará com os empregos e matará a gente. Em sua visão, ela deve ir, aos poucos, se encaixando na nova normalidade. “A mídia adora ser apocalíptica sobre esses temas. Para mim, se a IA pode lançar mísseis para matar as pessoas, ela também pode criar defesas para isso. Qualquer um que só diz que tudo vai dar errado sem sugerir uma solução é apenas um narcisista”, pontuou.