Sandy Carter no SXSW 2024: as 7 tendências para o mundo do trabalho pós-inteligência artificial

Ex-Amazon e IBM destaca elementos como a convergência de tecnologias, a transformação das experiências e a “tokenização” de tudo

Não adianta relutar: quem não entender os benefícios que a inteligência artificial pode trazer para o nosso dia a dia, seja profissional ou pessoal, vai lidar com o prejuízo de ser engolido por quem está um (ou vários) passos à frente. E Sandy Carter, especialista no assunto, deixou isso ainda mais claro e escancarado em sua apresentação no SXSW 2024, levantando 7 futuras tendências no que chama de “um mundo do trabalho pós-IA”.

Líder de operação da Unstoppable, Carter é ex-VP da Amazon e passou 13 anos na IBM, sempre ligada a processos de inovação e uso efetivo de diferentes tecnologias. E em sua lista, mesmo tentando minimizar o tom apocalíptico adotado por outros “gurus”, ela mostra o quanto funções e negócios serão engolidos se não evoluírem junto com as novas ferramentas e oportunidades.

“Você precisa parar de resistir e começar a aprender”, enfatizou, lembrando ainda que quase todos os negócios serão transformados por algum tipo de ferramenta de IA. Entre os exemplos, ela citou como pessoas que tiveram acesso a carros autônomos da Uber ficam mais propensos a comprar um veículo assim após a terceira corrida, ou como os fabricantes de moldes dentários estão ficando obsoletos com os sistemas que geram reproduções digitais mais perfeitas e detalhadas da arcada dos pacientes.

Abaixo, coloco a lista das 7 tendências levantadas por Sandy Carter, junto com alguns dos pensamentos levantados pela especialista. Muitos deles não estão muito longe do que já acontece e, se você olhar com atenção, ao menos um certamente pode impactar – positiva ou negativamente – o que você faz hoje.


1. Exponencial, baby!

80% das empresas vão aumentar seu uso de IA generativa nos próximos anos, de acordo com Carter. Especialmente porque ela vem apresentando um aumento de produtividade realmente acelerado e significativo. Com isso, não importa se você for um líder, um empregado ou apenas uma pessoa comum no seu dia a dia: vai ser fundamental você ter um bom conhecimento de ao menos algumas dessas ferramentas – e, de preferência saber gerenciar as demandas necessárias a partir delas.


2. Modelos multi-modais de aprendizagem finalmente chegaram

Se até outro dia as IAs aprendiam apenas por texto, hoje elas já bebem das mais diversas fontes, como imagens estáticas, vídeos e sons – tudo ao mesmo tempo. Com isso, conseguem ler e entender praticamente tudo que existe, passando a aprender exatamente como nós, humanos, aprendemos. Hoje já é possível tirar uma foto de um produto e pedir uma descrição ou interpretação em ferramentas como ChatGPT, por exemplo. Com isso, uma nova oportunidade (e também uma preocupação) nasce para quem trabalha com marcas: o que será que a IA está preparada para falar sobre seu produto?


3. A Era da Experiência já começou… e a dos seres virtuais também!

Carter destacou que hoje, com um Apple Vision Pro, é possível estar fisicamente na sua sala de estar e, virtualmente, no estúdio de ensaio da Alicia Kiss, andando em volta de seu piano, com a sensação de estar lá de verdade. Outras experiênias imersivas também estão acontecendo por aí sem a necessidade do uso de equipamentos, como as salas com projeções mapeadas, interativas, que estão mudando a forma como consumimos arte, por exemplo. Isso vem acompanhado do que a executiva chama de “Internet das sensações”, onde cada vez mais será possível, por meio de novas tecnologias, sentir cheiros, sabores e texturas digitalmente.


4. Tudo terá seu gêmeo digital

O “Digital Twin” é uma versão virtual do que temos no mundo real. E os exemplos são muitos: desde a digitalização da sua arcada dentária para um tratamento, como mencionamos antes, a reproduções de cidades, carros e outras máquinas para testes virtuais em vez de reais – como os famosos “crash tests” de automóveis ou otimização de semáforos, diante de simulações específicas de tráfego. Isso, claro, também engloba nossos avatares para presença digital.


5. “Tokenização” de tudo

O uso da blockchain será amplificado para gerar certificados de controle, que poderão ser usados tanto para sabermos quem é o dono de itens físicos – além do que acontecia com as NFTs, por exemplo – quanto quem é o responsável por diferentes produtos e serviços. Ela também auxiliará muito em certificados de autenticidade, para garantir a procedência e originalidade de produtos. Se tudo for tokenizado, você pode não apenas saber se um tênis da Nike é original, mas de onde vem seu couro, tecidos… tudo! Em breve, Carter prevê também que teremos uma carteira virtual onde poderemos controlar e acompanhar tudo isso, desde os contratos de compra de imóveis aos nossos produtos colecionáveis ou ingressos de eventos. Para as marcas, vale pensar: o que elas podem tokenizar?


6. A convergência tecnológica finalmente chegou

Carter lembrou que sempre prestamos mais atenção no que faz mais barulho, como a inteligência artificial agora. Mas precisamos olhar, principalmente, a convergência geral das tecnologias. A maioria das vezes, segundo ela, não vamos usar só a IA, mas ela junto a outros elementos, como GPS, sensores, dados etc. O poder está na união das tecnologias e como elas podem otimizar nossas tarefas. Ela citou como exemplo um sistema de ensino que mapeia suas reações para entender se você está aprendendo ou não e, em caso negativo, testar novas formas de ensinar.


7. A IA também nos traz novos problemas

Nem tudo é positivo ou será resolvido só com a evolução da inteligência artificial, claro. Aliás, pelo contrário: falta de confiança, erros de processos, ausência de dados e conclusões baseadas em preconceitos podem acontecer. Com isso, é nossa responsabilidade atuar para minimizar tudo isso. Entre as ações necessárias estão a checagem dupla de todas as informações e o auxílio em levar o maior número de informações para alimentar a IA. Afinal, se não dermos dados suficientes, como as máquinas vão aprender “certo”?


São muitas as lições. Mas, apesar do discurso que praticamente nos obriga a estar cada vez mais conectado e atualizado sobre a inteligência artificial, a própria Sandy Carter aproveita para finalizar sua apresentação reforçando que tudo precisa ter um propósito.

“Não sei dizer quantas vezes as pessoas me ligam e dizem que precisam fazer algo com IA. Isso está crescendo exponencialmente, mas você precisa manter o foco no que está tentando fazer, no que está tentando resolver e quais são seus objetivos, não simplesmente usar a IA por usar”.

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