O patrocínio de grandes empresas no futebol brasileiro ainda é muito concentrado na pura exposição de marca, especialmente nas camisas dos times principais de cada clube. Um pouco pela falta de espaço disponível e muito pelas novas oportunidades relacionadas à promoção do futebol feminino e experiências que o esporte pode proporcionar além das quatro linhas, a Cimed passa a constar como nova patrocinadora do Palmeiras, em contrato apresentado nesta semana.
No caminho tradicional, a marca da farmacêutica ganha espaço antes ocupado pela FAM – junto da Crefisa, principal patrocinadora palmeirense – nas mangas do uniforme do time feminino. A verba também será, em sua maior parte, focada no desenvolvimento dessa categoria, apesar de se estender para outras frentes de ativação.
Para não ficar restrito ao básico, o time do anunciante passará também a se relacionar com qualquer ativo conectado com saúde, prevenção e desempenho do clube – tanto masculino, quanto feminino e possivelmente de outras modalidades, como futsal. Inicialmente, vai explorar sua marca em elementos como maca e carrinho, a mala dos médicos e os squeezes usados pela equipe. Na sequência, também deve usar o acordo para desenvolvimento de produtos em cocriação e licenciamento. “Queremos que, sempre que se pensar em saúde dentro do Palmeiras, pensem em Cimed”, destacou o CEO da empresa, João Adibe Marques.
O movimento é interessante e tem traços curiosos. O primeiro envolve a cessão de espaço de outra patrocinadora para a chegada da Cimed nos uniformes. Sem o aval de Crefisa e FAM, a farmacêutica poderia estar presente em outros ativos, mas não em uniforme. O acordo, porém, foi facilitado pela figura central de Leila Pereira, presidente do Palmeiras e também das duas empresas que detém os direitos. De acordo com a executiva, o espaço foi cedido “para o bem do futebol feminino”, sem mexer nos valores investidos por suas marcas. Um gesto nobre, mas que dificilmente aconteceria caso a mandatária só estivesse respondendo pelos anunciantes.
O outro está nas oportunidades que a Cimed, marca com grande conexão com esporte, deve e pretende explorar. Há muito o futebol acontece bem além das quatro linhas e dias de jogos, com possibilidades de estar presente e conectado com torcedores – consumidores que trazem na bagagem uma forte carga emocional – em eventos, promoções e produtos personalizados, entre outras opções criativas e que geram tanto o famoso “awareness”, com consideração de marca, como vendas efetivas.
O investimento está dentro dos R$ 20 milhões que a Cimed anunciou como verba para o futebol nacional até 2023. Nessa conta, porém, estão inseridas também outras ações e parcerias – com destaque para o patrocínio da companhia à Seleção Brasileira.
Que o exemplo mostre novas oportunidades criativas de patrocínio, gerando mais possibilidades de investimento no esporte. E que boa parte dessa verba realmente ajude a dar mais saúde ao futebol feminino.