Confiar cegamente na mídia tradicional parece ser uma má ideia. Sabe por quê?
Porque é.
Não à toa, essa é uma das “Sete estupidezes Mortais”, um compilado dos vacilos capitais que precisamos estar atentos hoje em dia, desenvolvido pelo Guy Kawasaki (renomado evangelista de marketing, escritor e palestrante, conhecido por seu papel fundamental na ascensão da Apple) em seu livro homônimo, onde ele explora as armadilhas e os erros graves que as pessoas cometem na vida e nos negócios.
Entre essas estupidezes, destaca-se a antiga – e agora perigosa – confiança cega na mídia, um erro que se tornou ainda mais grave na era digital em que vivemos.
A Mídia Antes da Internet: Uma Visão Romantizada
Nos tempos anteriores à internet, o consumo de notícias era limitado a algumas fontes tradicionais, como as grandes redes de televisão (Globo, SBT, Record, Bandeirantes, TV Cultura) e jornais e revistas como OESP, FSP, Veja, etc. Esses veículos dominavam a informação, e o processo de apuração e decisão editorial era rigoroso, como relata Suzanne Daley, editora do New York Times. As reuniões para decidir as manchetes de capa eram longas e intensas, e qualquer erro poderia ter consequências sérias inclusive para as carreiras dos envolvidos.
A Revolução das Redes Sociais e o Colapso da Verificação
Com a chegada das redes sociais, o modelo tradicional de disseminação de notícias foi profundamente alterado. Hoje, qualquer pessoa pode publicar conteúdo online, sem qualquer necessidade de verificação ou revisão. O controle editorial foi substituído por algoritmos que priorizam o engajamento, resultando na proliferação de fake news e na erosão da confiança na mídia.
Ou seja, a democratização da disseminação da informação é algo extremamente positivo porque nos liberta de viéses e manioulações, mas tem um preço, que é justamente a desinformação que vem junto com isso. O caminho? Saber filtrar. Esse ônus, agora, é nosso. Seu, meu e de todo mundo. Precisamos desenvolver critérios próprios e não cair em tentações de aceitar tudo por alinhamento ideológico, nem de esquerda, nem de direita. Precisamos ler tudo e ir criando nossas próprias fontes confiáveis, segundo os nossos próprios critérios.
A Ameaça do Controle Governamental
Enquanto lidamos com a desinformação desenfreada, surge outra ameaça: a tentativa de controle governamental sob o pretexto de combater fake news. Algo que, inacrdeitavelmente é defendido por aqueles que tem um propensão maior à militância política. Defender qualquer tipo de censura, especialmente as disfarçadas, é algo fundamental. Embora, à primeira vista, o controle possa parecer uma solução benéfica, na prática, pode facilmente se transformar em censura.
É crucial discutirmos formas razoáveis e neutras de controle e regulação da informação, algo que obviamente não deve ser uma prerrogativa exclusiva dos governos. A sociedade civil, plataformas de mídia e organizações independentes precisam participar ativamente desse processo para garantir que a liberdade de expressão seja preservada.
Como se Proteger da Desinformação
Diante desse cenário, como podemos nos proteger da desinformação e evitar cair na armadilha de confiar cegamente na mídia?
- Desconfie das notícias: Não acredite imediatamente em tudo o que lê, vê ou ouve. Especialmente nas redes sociais, onde a verificação de fatos é praticamente inexistente.
- Verifique múltiplas fontes: Utilize diferentes fontes de informação, preferencialmente de origens distintas e que não se sobreponham, para triangular a verdade.
- Questione a veracidade: Sempre que confrontado com uma notícia, especialmente se parecer sensacionalista, questione sua veracidade e peça provas concretas.
Confiar cegamente na mídia, como bem aponta Guy Kawasaki em seu livro, é uma das Sete Estupidezes Mortais. Em tempos onde a informação é tão facilmente manipulada e disseminada, precisamos ser mais críticos e céticos. Além disso, devemos estar atentos às tentativas de controle que podem comprometer nossa liberdade de expressão. Somente assim poderemos navegar com segurança nesse mar de informações e desinformações.