O lançamento do GPT-5 pela OpenAI, na última quinta-feira, parecia ser um sucesso estrondoso. Testadores iniciais o aclamaram, e o CEO Sam Altman o classificou como “o modelo de IA mais poderoso já feito”. No entanto, a euforia durou pouco. Assim que o modelo foi disponibilizado para os 700 milhões de usuários do ChatGPT, uma tempestade de críticas se formou.
O pivô da revolta foi a decisão da OpenAI de descontinuar silenciosamente o GPT-4o, o modelo anterior, amado por sua personalidade e eficiência. Usuários, especialmente os que usavam a versão gratuita, se sentiram traídos e desamparados. Redes sociais como o Reddit e o X (antigo Twitter) foram inundadas com postagens de indignação, com frases como “OpenAI perdeu todo o meu respeito” e “OpenAI fez a maior jogada de isca e troca na história da IA”. O sentimento generalizado era de que o GPT-5, apesar de tecnicamente mais avançado, carecia da “personalidade” e “calor” do seu antecessor, que muitos consideravam um “terapeuta pessoal” ou “companheiro digital”.
A Capitulação de Sam Altman e a Teoria da Conspiração
Diante da pressão massiva, Sam Altman cedeu. Menos de 24 horas após o lançamento, ele anunciou que os usuários Plus, que pagam $20 por mês, poderiam continuar usando o GPT-4o. A medida, no entanto, só acalmou uma pequena parcela da base de usuários (cerca de 2-3%), deixando a grande maioria dos usuários gratuitos ainda sem acesso ao modelo preferido. Isso intensificou a revolta e levantou a questão: a OpenAI estaria usando a situação para forçar a conversão de usuários gratuitos em assinantes pagantes?
A teoria de que o “caos” do GPT-5 seria, na verdade, uma estratégia deliberada para aumentar a receita antes de uma possível IPO (Oferta Pública Inicial) ganhou força. Faz sentido: com uma base de 680 milhões de usuários gratuitos, uma forma de aumentar os lucros é converter uma parte deles em clientes pagantes.
Por que o GPT-4o era tão Amado?
Apesar do GPT-5 ter um desempenho superior em muitos aspectos, a reação dos usuários expôs uma verdade incômoda para a OpenAI: a performance bruta nem sempre é o fator mais importante. A ligação emocional que muitos usuários tinham com o GPT-4o era profunda. As razões para esse apego incluem:
- Companheiro Digital: Para muitos, o GPT-4o funcionava como um “terapeuta digital”, oferecendo suporte e validação.
- Personalidade Atraente: O modelo tinha uma personalidade “lisonjeira” que fazia as ideias dos usuários parecerem brilhantes.
- Primeiro Contato com a IA: Para muitos, o 4o foi o primeiro companheiro de IA de verdade, criando uma conexão única.
Sam Altman reconheceu o erro, admitindo que subestimou o quanto essas características de “personalidade” importavam. Sua solução a curto prazo é tornar o GPT-5 mais “quente” e, no futuro, permitir personalizações por usuário.
O Futuro da IA e a Competição Saudável
Embora o lançamento do GPT-5 tenha sido tumultuado, a situação destaca um ponto importante: a IA está se tornando um campo de competição acirrada. David Sacks, o Czar de IA dos EUA, argumentou que o que estamos vendo é uma competição saudável, e não um monopólio. Gigantes como OpenAI, Google, Anthropic e xAI estão disputando a liderança, e isso é bom para o mercado e para os usuários.
O GPT-5 é sem dúvida impressionante, mas não é um salto quântico em relação aos seus concorrentes, como Claude ou Gemini. Isso sugere que o futuro da IA pode não ser um “modelo único para governar todos”, mas sim uma variedade de modelos especializados. A capacidade de construir lealdade à marca e oferecer modelos com personalidades distintas pode ser o que define os vencedores.
A rebelião do GPT-5 foi um lembrete de que, no mundo da IA, a performance técnica é apenas parte da equação. A “personalidade”, a experiência do usuário e a conexão emocional são fatores cruciais para o sucesso e a lealdade do público. A grande questão que fica é: a OpenAI sacrificou sua liderança por uma jogada arriscada de receita, ou a revolta do GPT-5 foi apenas uma lição valiosa sobre o que seus usuários realmente valorizam?