Nem tudo é opinião

Nem tudo é opinião Nem tudo é opinião

[mks_dropcap style=”letter” size=”72″ bg_color=”#f9f9f9″ txt_color=”#191919″]L[/mks_dropcap]iberdade de expressão, internet e redes sociais. O que de fato significa a junção destes itens?

Vivemos em uma época em que as pessoas têm orgulho de dizer o que pensam, embora digam através de redes que, muitas vezes, as protege no anonimato.

É engraçado como vomitar opiniões idiotas e ofensivas virou significado de liberdade de expressão para muitos que assinam suas postagens simplesmente como anônimo, ou através de perfis falsos. São gente que provavelmente não tem amigos na vida real e vive de causar burburinho na internet recebendo como recompensa a falsa sensação de ser “amado” ou “admirado”, mesmo que seja por alguém com quem nunca teve contato real.

Não obstante a tudo isso, a pergunta é: em que ponto deste caminho chamado liberdade o sentido de humanidade (“ser” [do verbo ser] humano) e a empatia ficaram para trás?

Opinião é opinião, calúnia é calúnia e ofensa é ofensa. São três coisas diferentes, embora seja evidente, dadas as circunstâncias, que muitos não saibam diferenciar o que é o que.

“Tal pessoa é feia e burra, essa é minha opinião”. Não, essa é uma ofensa que você direciona a alguém.

“Acredito que meu concorrente de vendas não seja ético e roube seus clientes, na minha opinião você não deve confiar nele”. Não, isso não é uma opinião.

Usar do termo “liberdade de expressão” para justificar bobagens ditas sem nenhum fundamento ou argumentos sólidos que sustentem sua “opinião” é manchar o termo duramente conquistado em épocas outrora muito difíceis, quando realmente não se podia expressar de forma legítima sem ter de pagar com o preço da perseguição, tortura e em muitos casos, da morte.

Quem gosta de usar os meios atuais para exercer tal liberdade, que o faça de forma construtiva. Não consegue, então criei um blog de fofocas e sensacionalismo, assine embaixo e faça sucesso com isso; infelizmente ainda há público para idiotice.

E essa é só minha opinião; para alguns (espero que não para você) apenas outra bobagem qualquer. Pense antes de falar, escrever e publicar. Nem tudo é liberdade de expressão.

6 comments
  1. Concordo. Hoje vemos qualquer pessoa com internet e banda larga se achar no direito de ter “opinião” sobre tudo na vida e de acusar/julgar/condenar/executar qualquer pessoa que não pense exatamente igual a ela. Hoje não procuramos diálogo e sim “compartilhamentos” e “likes” para o nosso modo de pensar.

  2. WB, adorei a brincadeira, voltei! O texto é show por inteiro, mas fiquei com uma dúvida no final: porque estamos sempre mandando alguem fazer alguma coisa? “Pense” antes de falar, escrever.., “Lute” pelo seu país, “Seja” consciente, “Abrace” essa idéia. Mesmo que seja pelo “bem” – odeio ser do bem, me identifico com os do mal mesmo – ainda assim é do verbo imperativo: “Faça!” (#comoeuachoquetemqueser #porqueeuquero #porqueseimaisdoquevoce #esoudobem #seuburro ). Voltando aos “influencers” de ontem: será que já não estamos cansados de receber ordens? “Compre!””Use!””Vista!””Beba!””Acredite nos seus sonhos!”. Ou pensando por um outro lado: será que o mundo anda tão infantilizado que não sabemos mais tomar nossas próprias decisões e precisamos que alguem nos diga o que fazer? Será que estamos nos tratando como criancinhas e estamos gostando…? – Ouch! – Tem como rebobinar a fita?

    1. Parece que o mal está enraizado, Claudio. Eu também estou nessa, infelizmente. Por isso terminei dizendo: “E essa é só minha opinião”… Talvez o caminho seja cortar o mal pela raiz… Mas a pergunta é: “Como?”.

    2. Hahaha. muito bom o comentário Claudio. Olha, acho que a culpa não é desse imperativo não. O “call to action”, como nós publicitários gostamos de chamar é apenas um empurrãozinho final e por incrível que pareça, aumenta mesmo a efetividade da ação, principalmente no ambiente online onde as pessoas precisam interagir de fato. Mas o problema de verdade é o que vem antes desse convite para a ação. Ou quando nem tem nada antes. Aí é bobo mesmo. Já com relação a infantilização, putz, aí sim dá para escrever muitos e muitos posts. Pessoalmente acho que sim, estamos cada vez mais infantis, seja no tratamento entre as pessoas (nível pré-primário nos comentários) seja na dieta do que andamos consumido na internet e nas redes sociais. Metade dessa culpa é de quem produz e prioriza audiência em detrimento de qualidade (a internet tá virando um tablóide). A outra metade é nossa mesmo, que poderíamos ter mais critério. Mas sou um otimista, acho que vai melhorar. Acho que esse volume de info e essa imaturidade para conviver coletivamente – é tudo muito novo ainda. Vamos evoluir ;)

  3. Frequentar redes sociais tem sido cada vez mais difícil e repugante.
    O nível de agressividade canusa perplexidade! O ódio esguichado pra todo lado é tão desproporcional, que dá medo!

    A única solução pra isso que eu vejo é:
    quanto mais a gente amar a civilidade e se alimentar dela, mais a gente vai querer se resguardar dessas trêtas todas que poluem a mente, roubam a sensibilidade e embrutecem o coração.

  4. Ótimo post Caiene, também penso assim. É aquela velha sabedoria da “sua liberdade termina onde começa a do outro”. Tão fundamental e fácil de entender, mas as pessoas confundem liberdade com vale tudo. Acham que têm uma espécie de direito de fazer absolutamente qualquer coisa, com qualquer pessoa, em qualquer lugar. Até a hora que alguém adentre seu círculo, aí reclamam hehehe. Ainda temos muito o que aprender para viver coletivamente. A tecnologia nos deu um poder para o qual ainda não estamos preparados. Mas é quase sempre assim né? Vamos evoluir, tenho fé ;)

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