Tem o anúncio de redator, tem o anúncio de diretor de arte e tem o anúncio… de target.
O anúncio de target é aquele que muito provavelmente foi criado por alguém que é parte do público-alvo, de tão empático. É aquele que o leitor tem a certeza que foi feito por alguém que sabe exatamente do que está falando porque conhece as nuances, os detalhes, os segredos da tribo. É “um de nós”, é “um igual”.
É o anúncio de menstruação feito pela redatora adolescente, o anúncio de viagem feito pelo diretor de arte que é mochileiro, o anúncio de hospital escrito pelo diretor de criação que acabou de perder o pai.
Não é só aquela habilidade de se colocar no lugar da outra pessoa, que teoricamente todo criativo deve ter. É um passo além, é uma vantagem de poder contar com um repertório exclusivo que só quem realmente é do target, conhece. É a piada interna. É nóis.
Como nesse exemplo, criado pela agência inglesa Leagas Delaney, em 1996, para Adidas. Um anúncio para corredor.
Uma pessoa que corre, vê esse anúncio pela primeira vez e é automaticamente fisgada pela cumplicidade do momento. Parceiros de crime.
Durante o processo de criação, muitas vezes a gente acaba cedendo à tentação de querer impressionar, ser criativo, inteligente, elegante. Mas nada disso é tão poderoso como uma bala de prata dessas, com um nível de intimidade desses. Funcionaria do mesmo jeito se tivesse sido feito com um lápis e papel. Uma peça dessas você aprova desenhando em um post-it.
O Washington Olivetto foi mesmo matador quando disse um dia que a mágica acontece quando você tira da vida e devolve pra vida. E quando você pode tirar da sua própria vida para devolver, melhor ainda.
Crie no post-it. Mire no coração.
Deixe um comentário
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.
Acabei de achar esse post em um blog que também é ótimo. Puta making of desse anúncio: https://davedye.com/2014/01/05/running-ads/