O jogo da imitação chinês

Sempre nos referimos a uma cópia barata como uma coisa meio “ching-ling”, meio made in China (quanto preconceito, francamente rs…).

Raymond Chin, CCO da Sapient Nitro China, falou bastante sobre esse assunto no SXSW. Ele contou, no painel “Copying is Good”, o resultado de dez anos de estudo para identificar o motivo da China ser um mercado referência em cópia.

Nesse estudo, ele mapeou e identificou dezenas de variações de uma marca original como Starbucks, KFC, Audi e outras. Segundo ele, o contexto econômico e político do país está diretamente associado à necessidade de copiar.

Disso vem a pergunta que não quer calar: como que um mercado que apenas produzia cópias do Ocidente se transformou em… uma economia que lança tendências?

Chin explicou: a prática leva à perfeição. Se a imitação é também aprendizado, copiar é um combustível para a inovação. Parece que a plateia chinesa não curtiu muito, mas ele se redimiu explicando que, para os chineses, copiar obras antigas (por exemplo) é não só homenagem, e sim uma estratégia de aperfeiçoamento.

Um dos pontos centrais foi entender que, para eles, quando uma cópia promove inovação em seu contexto ela pode se tornar algo legítimo. E é bom lembrar: o fato de muitas marcas e produtos não poderem entrar na China, obviamente, foi motivo para impulsionar essa necessidade pela cópia (e a velocidade que ela se espalha).

Para exemplificar, ele citou o WeChat, uma super plataforma inovadora que integra características de outras plataformas como Facebook, Snapchat, Pinterest, Uber, Waze e PayPal. Desta forma, segundo o The New York Times, a China força uma quebra na internet, conforme mostra no vídeo abaixo:

Nesse mesmo contexto, ele citou a Xiaomi, uma das empresas chinesas criticadas por copiar o design de produtos da Apple. Depois de criar vários produtos similares com features inovadores, a empresa comprou a Segway e transformou completamente o produto.

Outro ponto importante aqui: para a China, copiar também é sinônimo de expandir. Se apropriar de uma ideia é a chance de transformá-la em algo completamente novo.

E aí? Agora a máxima “nem tudo se cria, tudo se copia” passou a fazer mais sentido para você?

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