A internet leva à rua, a rua leva ao povo. Este foi o assunto do quarto Spotify Talks (promovido pelo Spotify com o objetivo de incentivar a conversa entre artistas e profissionais da indústria. Curadoria de Alexandre Matias do Trabalho Sujo). O papo foi mediado por Renata Simões e teve a participação dos rappers Tássia Reis e Mano Brown e o diretor e roteirista KondZilla.
Os convidados começaram a conversa contando quais eram as principais redes que usam no dia a dia – o Instagram ganhou de lavada – se conseguem separar as redes corporativas e as pessoais e como fazem para que suas próprias vidas não se torne um verdadeiro reality show. Para Tássia Reis, que viu sua carreira surgir na internet com seu primeiro single, é necessário dosar, postando somente conteúdos relevantes ao momento, porém faz parte do trabalho e é um novo meio de divulgação.
“A gente tem que usar a ferramenta e não a ferramenta usar a gente” (Tássia Reis)
A questão é: com as redes as pessoas começaram a interagir mais e também ter uma maior proximidade com o artista, mas qual a limite para essa cobrança do público? Para Kondzilla, quando tenta experimentar coisas novas em seus trabalhos o público acaba rejeitando. O que não possibilita uma grande inovação. Já Mano Brown cita que “a gente vive em um país onde a juventude é conservadora, de ciclos. Houve aquela época de uma juventude transgressora dos anos 90, mas agora existe uma conservadora, que querem as coisas como já estão. Qualquer mudança no trajeto da caminhada acusa, tem uma luz vermelha. Através da rede social sentimos isso na cara, algumas pessoas vão para o lado pessoal”.
“Hoje eu me sinto como um comunicador e não uma plataforma. Hoje é um canal de comunicação de comportamento para um jovem de periferia” (Kondzilla)
Kondzilla, que lança em média 40 vídeos por mês, sendo metade de artistas novos, comenta que é fundamental difundir o trabalho, planejar a divulgação, tentar atingir espaços considerados inatingíveis e principalmente trabalhar novas mídias. Segundo ele, cada usuário consome um tipo de conteúdo em cada plataforma e há formas certas para essa produção direcionada.
Mas afinal, com o advento e pulverização da internet o que mudou no cotidiano da periferia? De acordo com o KondZilla, fez com que a música considerada “periférica” chegue a outras pessoas, rompendo barreiras e conquistando respeito. A periferia é um berço de novos sons, novos artistas e dessa maneira deve ser vista/ouvida e não com um olhar romantizado.
“Eu vim de uma outra época, era divulgado pela pirataria.” (Mano Brown)
Mas, seria possível usar as redes para outras pautas?
De maneira unânime os convidados responderam que as redes serviram para que as pessoas conheçam quem eles realmente são, o que pensam, o que gostam. Através da internet os artistas tiveram a possibilidade de se humanizar para os fãs.
Mas não podemos esquecer que cada tipo de mídia tem um tipo de conteúdo diferente para o público e que cada plataforma deve ser alimentada da maneira correta.
“A internet dá a possibilidade de surgir novos heróis na quebrada, novas referências” (KondZilla)
O evento terminou com a força dos aplausos e com a esperança de que cada vez mais possamos debater e conversar sobre o funcionamento das coisas nas ruas, não somente nas redes.
Que tenhamos sempre ouvidos e olhares atentos para o novo!
Até o próximo #SpotifyTalks.
Fotos: Leonardo Sang
Vídeo: Melina Kato
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