O grande alvo voador.
Durante a Segunda Guerra Mundial, ninguém tomava tanta metralhada quanto os bombardeiros B17. Avistar um desses no horizonte era como ver a própria morte voando em sua direção. E por isso os B17 se transformavam sempre em peneiras voadoras, de tanto tiro que tomavam na tentativa de impedí-los de soltar suas temidas bombas.
Com o tempo, a força aérea americana percebeu a necessidade de reforçar o B17 (muitos não voltavam) e foi assim que eles ganharam o apelido de “Fortalezas Voadoras“, porque eram super protegidos para poder aguentar o tranco.
Porém, a blindagem tinha um limite por causa do peso, senão os aviões nem conseguiriam decolar e havia todo um time trabalhando em terra, fazendo cálculos o tempo todo, avaliando as áreas mais atingidas. Ao retornar das missões, todos os aviões eram fotografados nos mínimos detalhes e os furos das balas ia se acumulando em um grande “heat-map” que servia de guia para distribuir a limitada blindagem pela estrutura, da maneira mais otimizada possível.
A grande peneira voadora
Cálculos eram feitos o tempo todo e todos os pormenores eram levados em consideração, como número de tiros, profundidade das balas no metal, relações entre velocidade de vôo e velocidade dos projéteis, tudo. Nenhum outro avião foi tão esmiuçado, por matémáticos, estatísticos e engenheiros.
Mas nada disso parecia fazer muita diferença, já que muitos bombardeiros continuavam sendo derrubados e jamais voltavam de suas missões.
ATÉ QUE UM DIA…
E foi justamente esse o insight de um dos matemáticos do time (o judeu Abraham Wald, veja a ironia da coisa).
“Estamos estudando os que voltam. O problema são os que NÃO voltam!”
Todos os cálculos estavam sendo feitos em cima de uma situação de “sucesso” e justamente a situação crítica e problemática não estava sendo avaliada simplesmente porque os aviões não retornavam.
Os tiros que efetivamente derrubavam os B17 eram, na maioria das vezes, os que atingiam os pilotos. Entravam pela área logo abaixo do cockpit. E também em uma segunda área onde ficavam componentes vitais dos motores das aeronaves. Quando as balas entravam por esses lugares, o avião caia.
Resultado: a blindagem foi completamente reavaliada e redistribuída. Os lugares que antes recebiam o reforço extra (asas principalmente) deixaram de ser prioridade e outras que eram totalmente ignoradas passaram a contar com uma estrutura bem mais forte.
A taxa de sucesso de retorno dos B17 praticamente dobrou do dia para a noite.
Tudo isso, por uma sacada de apenas uma pessoa do time, que percebeu algo que no final das contas não tinha nada a ver com matemática, mas puro bom senso.
E essa é a história que conta para gente que investigações quantitativas são importantíssimas. Mas que, às vezes, é a investigação qualitativa que salva vidas ;)
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Legal, Wagner – porém, seria mais honesto da sua parte apontar a fonte que inspirou este seu post, não? Surgiu assim, do nada ?
Q demais essa análise hein!!
O mestre Dave Trott também já contou essa história, do jeito dele: http://www.campaignlive.co.uk/article/1349646/view-dave-trott-data-alone-isnt-answer
As duas lições, de quanti VS quali e sobre dados, são bastante válidas :)
Muito legal o texto do Dave Trott, obrigado por compartilhar Vitor!
Oi Wagner, bacana esse compartilhamento. Mas será mesmo que isso é um problema de quali x quanti? Me pareceu muito mais de planejamento da pesquisa. Segmentar e levantar hipóteses. Esqueceram de incluir um grupo importante na pesquisa, por exemplo: EP’s com os pilotos mortos. Por que não? :)
Hahaha, sim , pode ser. Pensei em quali/quanti só pelo tipo de sacada, não como uma abordagem. Mil cálculos, números, medidas… e no final a solução veio num acender de lâmpada.
Marcos Lelis
Vinicius Siepierski
tu me conhece né?
O texto é muito tendencioso. Pegue qualquer livro de metodologia de pesquisa e verá que o que foi abordado nessa história é um problema com a hipótese, não com o método de pesquisa. Os dois métodos são validos em situações distintas, não acrescente mais uma polarização sem sentido em nosso país.
“Não acrescente mais uma polarização sem sentido em nosso país?”
Dalton
O que isso tem a ver com quali vs. quanti? É só uma questão de survivor bias.
Ué, que bom então, mais um modo de ver a coisa. É só uma história bacana…
Por isso que amo trabalhar com pesquisa qualitativa ❤️
Bem melhor ;)
QUALI-dade
QUANTI-dade.
explicado!
hahaha, boa.
Bia Freitas
Bruno Abdelnur talvez a gnt esteja reforçando as áreas da nave que a gente acha que está o problema pq ta tomando mais tiro, mas na real o problema pode estar em algo que ainda nem olhamos, faz sentido ou eu to com sono? Hahahaha
Caio Takeshi Bruno Gouvêa Milena Shimizu
Qual é a pergunta certa?
Justamente essa! ;)
Isso não é sobre quali e Quanto, mas insight
Sim, um insight… qualitativo. Mais do que quantitativo ;)
Eles só estavam trabalhando com a base de dados errada, mas o insight é totalmente quati, só ver o que vc mesmo escreveu: “os tiros que efetivamente derrubavam os B17 eram, NA MAIORIA DAS VEZES, os que atingiam os pilotos”
Isso não serviu de insight, isso veio depois, uma confirmação do erro na abordagem. Mas o que importa mesmo é a história, a mudança de olhar, só isso.
Fabricio Agostinho
Fábio Mariano Borges
Oba!
Ivan Soida !!
Muito bom!
Jeferson Rocha
Edson Brito e Helder De Souza Aguiar… olha aí uma boa analogia. (se é que a garotada vai saber o que é WWII)
Reinaldo Neves Vinícius Giorgetti !!!!
Taiane Tavares
Hahahahahaha????
Exemplo de seleção da amostragem não representativa.
Não entemos José, poderia explicar mais sobre isso?
Estudavam e mapeavam as avarias dos aviões que voltavam. Até que alguém percebeu que o importante eram os que não voltavam.
Ah sim! Então “seleção de amostragem não representativa” é o nome desse tipo de coisa! Boa, entendido agora ;)
Impressão minha ou tem uma contradição no texto? Primeiro diz que “E foi justamente esse o insight de um dos matemáticos do time (o judeu Abraham Wald, veja a ironia da coisa).” Fala que foi um insight de um matemático e depois diz “Tudo isso, por uma sacada de apenas uma pessoa do time e que não tinha nada a ver com matemática.” Fiquei confuso.
Você deve estar se referindo ao final da frase, o “nada a ver com matemática”, né? O que não tem a ver com a matemática é o insight e não o cara ;) Vou melhorar o texto, obrigado.
Sim, mas você leu a segunda aspas que eu coloquei? O segundo trecho?
Sim, mas você leu a segunda aspas que eu coloquei? O segundo trecho?
É que primeiro diz que ele era matemático e depois diz que era uma pessoa que não tem nada a ver com matemática.
Sim, entendi! Na verdade quis dizer que a sacada nem tinha nada a ver com matemática. Mas já arrumei lá no texto, ficou melhor mesmo. Obrigado.
Luiz Fernando Sneider
Walquíria Tiburcio Limonti
Alex Ferraresi