O video, curtinho, mostra um pouco da rotina desse cara chamado William Cromartie, um funcionário do metrô de Oakland que, apesar de não precisar, resolveu sair de dentro da sua cabine e ficar ao lado da roleta, recebendo cada um dos 4.000 passageiros que passam por alí diariamente. E não é um oizinho qualquer. Ele capricha.
Mas pra que ele faz isso? Ninguém falou para ele sair da cabine. E não recebe um tostão a mais por ficar em pé alí, recebendo as pessoas. Por que fazer isso?
Simples: porque o cara é um semeador.
Em um ou dois segundos ele bota uma pequena semente na rotina de cada pessoa. Em alguns às vezes brota, em outros não, passa batido. Mas não importa. O que importa é que um gesto simples como esse geralmente é interpretado apenas apenas como um gesto simpático, mas é muito mais do que isso.
Existe uma expressão em inglês que é a “break a face”. É algo como “desmanchar uma cara fechada”. As pessoas se aproximam da roleta, cada um com seus pensamentos e preocupações e, de repente… um cara faz um gesto inesperado e desmancha aquele casulo em que as pessoas se encontram e planta alí um treco diferente, inesperado. Tenho certeza que essas pessoas carregam o gesto do William por alguns segundos. E, algumas vezes, por muito mais tempo. Aliás, é incrível o que um pequeno gesto pode fazer, não são poucos os casos de suicídas que foram salvos por pouquíssimos segundos de atenção. Mas nem precisamos ir tão longe, porque qualquer pessoa se beneficia com um pouco de gentileza e atenção. E não é papo new age, não. É uma coisa bem prática e bem pragmática.
Serve para gente pensar no poder das nossas breves interações diárias e o quanto isso é muito maior do que pura educação. Bora fazer diferença na vida dos outros, na maioria das vezes não leva mais do que 2 segundos.
Lembro de quando eu era criança e morria de vergonha quando a minha mãe falava para a menina do caixa no supermercado: “…mas que cara mais séria. Com esse sol lá fora?”. A cara fechada derretia na mesma hora e se transformava em um sorriso tímido. E eu queria me enterrar de vergonha. Mas hoje sei exatamente o que ela estava fazendo. E bastava a pergunta, não precisava estender o papo nem nada.
Assiste aí o William:
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Esse é um tipo de história que me inspira demais. Tudo fica melhor depois de ver um cara como esse William. Um exemplo simples e muito forte para a humanidade.
Lembrei de Goleman no livro “Inteligência Emocional” falando dos “pacificadores urbanos”
“Era uma tarde de agosto insuportavelmente sufocante, na cidade de Nova Iorque, um daqueles dias calorentos, que deixam as pessoas mal-humoradas e desconfortáveis. Eu voltava para um hotel, e, ao entrar num ônibus na avenida Madison, fiquei surpreso com o motorista, um negro de meia-idade e largo sorriso, que me acolheu com um amistoso “Oi! Como vai?” saudação feita a todos os outros que entraram no ônibus, enquanto serpeávamos pelo denso tráfico do centro da cidade. Cada passageiro se surpreendia tanto quanto eu, mas, presos ao péssimo clima do dia, poucos Ihe retribuíam o cumprimento.
À medida que o ônibus se arrastava pelo quadriculado traçado da cidade, porém, foi-se dando uma lenta, ou melhor, uma mágica transformação. O motorista monologava continuamente para nós um animado comentário sobre o cenário que passava à nossa volta: havia uma liquidação sensacional naquela loja, uma exposição maravilhosa naquele museu, já souberam do novo filme que acabou de estrear naquele cinema logo mais adiante na quadra? O prazer dele com a riqueza de possibilidades que a cidade oferecia era contagiante. Quando as pessoas desciam do ônibus, já se haviam livrado da concha de mau humor com que tinham entrado, e, quando o motorista Ihes dirigia um sonoro “Até logo, tenha um ótimo dia!”, todas Ihe davam uma resposta sorridente.
A lembrança desse encontro me acompanha há quase vinte anos. Quando viajei naquele ônibus da avenida Madison, acabara de concluir meu doutorado em psicologia mas pouca atenção se dedicava na psicologia da época a exatamente como podia se dar uma tal transformação A ciência psicológica pouco ou nada conhecia dos mecanismos da emocão E, no entanto, ao imaginar a propagação do vírus de bem-estar que deve ter-se alastrado pela cidade começando pelos passageiros de seu ônibus, vi que aquele motorista era uma espécie de pacificador urbano, uma espécie de feiticeiro, em seu poder de transmutar a soturna irritabilidade que fervilhava nos passageiros, amolecer e abrir um pouco seus corações.”
Sensacional. Que memória hein Dario! Obrigado por trazer esse trecho pra cá, é realmente na mosca. Essas pessoas estão espalhadas por aí, todos nós temos momentos mais gentis, mas elas fazem dessa prática uma missão de vida, não? Valeu!
Lazaro Henrique de Oliveira
Juliana Paiva, olha q interessante. Vc se lembra que eu falei sobre o cara que eu encontrava, ao descer do fretado, todos os dias na biblioteca? à disso q estou falando !!! ðâ¥ï¸
Mto legal mor!! O mundo ainda tem recuperação!!!
O Brasil tem sua versão na estação Carioca no Rio! Vale conhecer
Tbm ia falar dele! O da Carioca é sensacional, alegra o dia de td mundo ali
O problema é dele; tá incomodado,?
à você que paga o salário dele,?
Vai procurar o que fazer !!!
Gustavo
Que pique hahaha me contento em responder quem me dá bom dia
Pfff, é pq ainda não conheceram Gabriel Burgos
Hahahahahhahaa
Aaaaahahahahahhaa
Até onde eu li, ele não sensualizava ao som de âEscorregãããâ! #JovemAprendiz
Paulo Gomes
Curioso este post hoje. Na segunda-feira eu passei por um caixa de supermercado e, ao responder o “boa noite”, da moça que estava me atendendo, perguntei como estava o dia dela.
Foi uma grande surpresa quando ela me disse que sentia-se surpresa pela educação e simpatia. E o que eu perguntei para ela foi: “Mas as pessoas não te respondem?”
“Não, é muito raro”.
Fui embora pensando. Quanto custa uma atitude de gentileza? Quanto custa um sorriso? Quanto custa ter educação com o próximo?
Assim como o exemplo do William, defendo que um sorriso e uma atitude de gentileza pode mudar o dia das pessoas. E fazer o bem, nos faz bem.
Pois é, coisas simples, mas que podem fazer toda a diferença. Obrigado Dani!
Exatamente igual ao funcionário da estação Carioca no RJ.
vdd
“Boa noite senhoras e senhores, bom descanso!”
Ia falar dele!! “Bom dia, bom trabalho “