Por que o livro “Meu ano de descanso e relaxamento” está fazendo tanto sucesso?
Por que achamos tão interessante uma mulher, rica, jovem e bonita (a personagem não cansa de se vangloriar da sua aparência) tirar um ano sabático para dormir e rever filme dos anos 80 totalmente induzida pelo efeito da tarja preta?
Ela está com frescura ou deprimida?
-Para de graça e levanta dessa cama ou que dó dessa menina?
Mas pensando bem, estamos falando de um ano sem boletos, sem prazo esgotado, sem cobrança de dar tudo certo, sem ter que ser promovida, sem date fracassado e sem a obrigação insana do sucesso.
No fundo sentimos pena ou inveja?
Essas foram algumas das perguntas que me fiz enquanto lia o romance da americana de Otessa Moshfegh.
Mas a conclusão é que não para gostar da protagonista desse livro, tentei muito. Também não dá para gostar da sua melhor amiga, que de melhor amiga não tem nada. E, principalmente não dá para gostar da sua psiquiatra, essa na verdade dá até para odiar. Mas dá para concordar com com ela (mais uma protagonista sem nome, tá na moda isso?) em seu total desprezo pela vida.
“Eu ficava irritada e ao mesmo tempo aliviada quando Reva aparecia, como a gente fica quando alguém chega bem na hora que estamos nos suicidando. Não que eu tivesse me suicidando. Na verdade era o oposto de um suicídio. Minha hibernação era uma medida de autopreservação. Eu achava que aquilo salvaria minha vida.”
Da ótica que ela nos apresenta seu mundo, somos convencidos que a alienação é mesmo sua única saída e dormir profundamente é o que ela pode fazer de mais interessante. Chorei nas primeiras páginas porque a depressão pode até vir nessa embalagem cool, colorida e cheia de glamour Nova Iorquino, mas nunca vai deixar de ser horrorosa.
Definitivamente não dá para gostar de ninguém nessa história, mas dá para gostar muito do livro e até indicá-lo aqui.
Meu ano de Descanso e relaxamento
Autora: Ottessa Moshfegh.
Editora: Todavia