A educação é inegavelmente um dos maiores investimentos que uma comunidade pode fazer. Ela forma os cidadãos do futuro e os prepara para os desafios do mercado de trabalho. Assim como em todas as áreas do conhecimento humano, a educação também passando por uma transformação profunda, que exige dela estar próxima das tendências mundiais de inovação.
Em todo o planeta, a tendência é que o mundo do trabalho exija uma interação cada vez maior com máquinas e algoritmos. Isso tem e terá um impacto direto na educação, conforme mostra um estudo feito pelo Institute for Business Value (IBV) da IBM.
De acordo com a pesquisa, nos próximos 3 anos, 120 milhões de trabalhadores nas 10 maiores economias do mundo precisarão de recapacitação profissional como resultado do impacto da utilização de Inteligência Artificial e Automação Inteligente no mercado de trabalho. Segundo os 5.670 CEOs de 48 países entrevistados, apenas 41% deles têm pessoas, habilidades e recursos necessários para executar suas estratégias de negócios e que cerca de metade dos entrevistados admite não ter nenhum plano de desenvolvimento de habilidades para reverter o problema.
É preciso ir além do conhecimento técnico
De acordo com educadora Débora Garofalo, no Brasil, a sala de aula ainda é pautada por métodos tradicionais.
“A gente já sabe, de acordo com pesquisas, que [as crianças] aprendem de uma maneira diferente, que interagem com a tecnologia. Os alunos precisarão dominar não apenas as capacidades técnicas, afirma a professora, mas também as “competências socioemocionais: colaboração, empatia e resolução de problemas”
Debora Garofalo
A escola precisa estar preparada para transmitir esses e outros conhecimentos como autoconhecimento, autogestão, para que [os alunos] “tenham a oportunidade de errar ainda na educação básica para se formar de uma maneira adequada para esse futuro tão próximo”, afirma.
Aprendendo robótica com sucata
Embora os gadgets e aparelhos sejam parte importante dessa experiência, vivenciar a tecnologia num contexto de educação vai além disso. Um exemplo é o trabalho que a professora desenvolve com alunos da rede municipal de São Paulo, usando sucata para ensinar robótica. O projeto ganhou o Prêmio Nacional Professores do Brasil, o Desafio de Aprendizagem Criativa do MIT e ficou no Top 10 do Global Teacher Prize 2019.
Realizado na Escola Municipal de Ensino Fundamental Almirante Ary Parreira, na Vila Babilônia, São Paulo, a iniciativa coletou mais de uma tonelada de lixo das ruas e ofereceu às crianças a oportunidade de botar a mão na massa e aprender na prática. Primeiro, os alunos aprenderam a montar motores e circuitos, a programar e a chegarem a protótipos. Depois, montaram seus próprios projetos: um semáforo, robôs, brinquedos e outros aparelhos.
Educação para inovação também no nível superior
Mas não apenas as crianças e adolescentes precisam se capacitar para o admirável mundo novo que se aproxima. Estudantes nos níveis universitários e de pós-graduação enfrentam alguns dos mesmos desafios. Na Universidade de São Paulo, por exemplo, o InovaLAB, da Poli, tem recursos para a criação de projetos de inovação em diversas áreas. Os alunos não apenas aperfeiçoam suas capacidades técnicas, mas também são orientados e incentivados a desenvolver o empreendedorismo.
No Innovation Hive, criado em parceria entre a Saint Paul Escola de Negócios e a IBM, os profissionais aprendem design thinking, sprint, storytelling e outras habilidades voltadas aos negócios. A ideia é formar líderes que saibam combinar o poder das ferramentas tecnológicas (como inteligência artificial e machine learning) com a colaboração dentro das empresas.
O IBM Innovation Center for Education (ICE) co-cria cursos de graduação e pós-graduação baseados em tecnologia e negócios em colaboração com as principais universidades e faculdades de engenharia de todo o mundo. Ao trabalhar com educadores e outros líderes do setor de tecnologia, prepara os alunos para se destacarem nos campos mais recentes setor de tecnologia, incluindo: IA, ferramentas de segurança cibernética blockchain, nuvem e multiclouds híbridos.
Em parceria com instituições públicas, a IBM ajuda os estudantes a ter capacitação para os trabalhos do futuro. A iniciativa P-TECH está em 18 países, em 200 escolas, e atende a mais de 100,000 estudantes. Ao longo de seis anos, são oferecidos cursos em ciência aplicada, engenharia, tecnologia e outras disciplinas na área STEM.
Em São Paulo, o Centro Paula Souza oferece as disciplinas do P-TECH desde o primeiro semestre de 2019. De acordo com a diretora-superintendente do CPS, Laura Laganá, “o principal diferencial desta nova modalidade de ensino é a possibilidade de aplicação do que se aprende em sala de aula no ambiente real de trabalho”. Para ela, o programa “é um caminho eficiente para a formação profissional, que visa a integração entre educação e setores produtivos”.
De acordo com o Banco Mundial, os empregos do futuro no Brasil serão ligados aos desenvolvimento de softwares, venda de produtos técnicos e tecnológicos, análise de dados, liderança executiva, entre outros. As competências do futuro serão inovação, análise crítica, criatividade, originalidade, design, programação, resiliência, inteligência emocional, só para citar algumas. Indivíduos, comunidades e países que quiserem ter um papel decisivo no futuro precisarão começar as mudanças na base de tudo: a educação.