“A vida em mim”: nosso contexto é a doença do século XXI

Indicado ao Oscar, documentário da Netflix apresenta uma rara síndrome sueca e nos faz refletir sobre novas descobertas na área da saúde
“A vida em mim”: nosso contexto é a doença do século XXI “A vida em mim”: nosso contexto é a doença do século XXI

O mini documentário sueco “A vida em mim” (Life Overtakes Me, em inglês) é um dos indicados ao Oscar de 2020. Dirigido por Kristine Samuelson e John Haptas, mostra como uma doença recém diagnosticada afeta crianças na Suécia. Os pequenos simplesmente desligam, como se estivessem dormindo, e nessa condição podem permanecer por meses… alguns chegam a 20 longos meses!

No Brasil ela é chamada de Síndrome da Resignação, mas as causas ainda não estão claras (especialistas suspeitam que é uma forma nova de se lidar com traumas; no documentário, esses traumas são associados ao drama de refugiados). Também não se tem certeza porquê a maioria esmagadora dos casos acontece apenas na Suécia.

Para além do lado dramático que o leitor pode conferir na Netflix (alerta de possíveis lágrimas… a obra é triste demais!), é interessante refletir como há sempre uma nova camada de algo desconhecido pronto para ser explorado, mesmo quando parece que tudo já foi inventado ou descoberto e que o novo é apenas o velho olhado de maneira diferente.

O primeiro registro da Síndrome da Resignação é de 1998. Segundo a BBC, de 2003 a 2005, foram 400 casos. Praticamente ontem. E isso é fascinante. Aparentemente não é algo que acontecia e que ninguém sabia o que era. Simplesmente não acontecia e, de repente, passou a acontecer. Click!

E passou a acontecer… naturalmente. Até onde se sabe, não é um vírus, uma bactéria ou algo físico, visível (como uma batida de cabeça, uma mutação genética) que cause a Síndrome. O documentário indica que o caminho está mais para a sensibilidade e a percepção das crianças sobre o que acontece em volta delas. É uma doença de contexto com uma cura de contexto!

A penicilina tratou as bactérias. A psicologia nos ajuda a tratar a nossa mente. E o que vai nos ajudar a tratar o nosso contexto, cada vez mais cruel, bélico, individualista e que submete a maioria dos seres humanos a uma pressão quase pré-histórica pela sobrevivência?

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