No final da década de 80, um cara chamado Kyle Whelliston resolveu fazer um teste: “Quanto tempo será que consigo ficar sem saber quem ganhou o SuperBowl?” Confira e veja como a mídia se saiu na caçada ao Kyle.
Nossa cobertura do SuperBowl é focada nos comerciais. Tanto é que por aqui nos referímos ao SB como “aquele festival de propaganda com um jogo nos intervalos”. Mas a parte comportamental também nos interessa, claro!
Por exemplo: o SB é um dos poucos programas que ainda assistimos todos ao mesmo tempo. Grupo que eu digo, são 110 milhões de pessoas só lá nos Estados Unidos e mais alguns milhões espalhados pelo planeta. Antigamente existiam vários programas que tinham o poder de reunir todo mundo em um mesmo assunto ao mesmo tempo: o Jornal Nacional, a Novela (na época que era das 8) e mais alguns outros. mas com a internet a coisa foi se pulverizando e hoje a gente conta nos dedos os eventos que sintonizam e sincronizam uma massa desse porte (basicamente o Oscar, as Olimpíadas – mas só as cerimônias!, a Copa e em uma escala menor, alguns eventos esportivos.
O SB pára os Estados Unidos, mesmo para quem não é fã de futebol americano. Em solo americano, o SB é inevitável.
Será mesmo?
No final da década de 80, um cara chamado Kyle Whelliston resolveu testar se o SB é mesmo impossível de se evitar. Como fã de basquete e nem um pouco interessado na turma do capacete, Whelliston decidiu encarar um auto-desafio:
Quanto tempo consigo ficar sem saber quem ganhou o SuperBowl?
Que ideia genial! Seria o equivalente a perguntarmos aqui no Brasil: “quanto tempo consigo ficar sem ouvir uma batucada durante o carnaval?”
Claro que naquela época pré-internet o desafio era bem mais fácil, mas até hoje tem gente encarando o desfio. Na verdade, são milhares.
Em fevereiro de 2011, um desses desafiantes chamado Brendan Loy criou um blog, o “Last To Know”, que além de tratar de assuntos ligados ao SB também abordava temas como “information penetration”. Foi neste blog que apareceu pela primeira vez as regras oficiais do desafio de não saber quem ganhou o SB.
Vamos a elas (você pode adaptar para o carnaval, o final da novela ou a final de qualquer campeonato).
REGRAS OFICIAIS DO DESAFIO DE NÃO SABER QUEM GANHOU O SB:
Regra 01: o objetivo do desafio é evitar, pelo maior tempo possível, tomar conhecimento do (A) vencedor do SB e (B) o placar final do SB. Essa informação é chamada pelos desafiantes de “O CONHECIMENTO”
Regra 02: Não pode deixar o país. Quem sair dos Estados Unidos está automaticamente desclassificado.
Regra 03: Tem que ser honesto, senão não tem graça. Cada um tem que saber e reportar quando foi eliminado.
Regra 04: Se você receber informação que possa ser classificada como “O CONHECIMENTO”, mas não tiver certeza se é verdade ou não (alguém pode sacanear e passar um resultado errado) você pode optar por NÃO ACREDITAR e permanecer no desafio. Porém se a informação estiver mesmo correta, seu abandono oficial do desafio será retroativo ao momento em que você tomou conhecimento do fato.
Regra 05: ninguém nunca ganha. É um jogo que você joga contra você mesmo e que inevitavelmente termina com você perdendo.
A maioria dos participantes perde em 2 dias. Mas segundo Brendan Loy, em 2012 teve pelo menos uma pessoa que conseguiu ficar um ano inteiro sem ser atingida pelo “CONHECIMENTO”. Em 2013, dois dias depois do jogo, ele falou:
“Cada dia é diferente e estou apenas no meu segundo dia, mas você precisa tomar muito cuidado com a segunda-feira porque todos os jornais vão ter “O CONHECIMENTO” na primeira página. Então é preciso cuidado com bancas, lojas de conveniência… qualquer coisa desse tipo você tem que prever senão pode pular na sua frente. O refeitório no trabalho é local proibido e o ideal é evitar qualquer interação com humanos o máximo possível. Minha estratégia é tentar me fechar pelos primeiros dias.”
Se você quiser participar, mesmo estando aqui no Brasil (o que já desclassificaria logo de cara), você pode seguir o @findthelastman pelo Twitter e avisar que você está jogando o #lastman.
Como dá para perceber, o SB é realmente mais uma boa oportunidade de refletir o quanto nossa sociedade está mudando rápido.
E eu continuo querendo inaugurar isso por aqui no carnaval.